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Estética - OUSE SABER!

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1971 - A s Monstruosidades da Critica 317<br />

tortas e o lh o s tu rvos, q u e habitualm ente são desprezados, en­<br />

trarão n a d a n ç a e executarão movimentos que não serão nem<br />

mais n em m e n o s respeitáveis que os dos outros. Não se procu­<br />

rará m ais re s p o n d e r a eles ou fazer calar sua algazarra, mas<br />

com preen der a ra z ã o d e su a s deform idades, de suas claudica­<br />

ções, de se u s o lh a re s cegos, de suas longas orelhas.<br />

M. G ro s s v o g e l2 a c a b a justam ente de chamar minha atenção<br />

para d ois d e s se s p e q u e n o s textos. U m foi publicado durante o<br />

verão de 1970, e m u m a p eq u en a revista conservadora francesa,<br />

La p e n s é e 3; ele é d e au toria, acredito, de um professor univer­<br />

sitário. C o n sid e ra -se que o outro tenha sido escrito por um jor­<br />

nalista: foi p u b lic a d o n esse h ebdom adário largamente difundi­<br />

do que é o T h e N e w Y ork T im es B o o k R eview (de 28 de feverei­<br />

ro de 1971). O in teresse d esses textos reside no fato de que um<br />

e outro u tilizam o s q u a tro m étodos tradicionais de transforma­<br />

ção (a falsificaçã o d o texto, o découpage4 ou a citação fora de<br />

contexto, a in te rp o la ç ã o e a om issão); de que ambos obedecem<br />

às m esm as três leis (a ignorância do livro, a ignorância daquilo<br />

que eles falam , a ig n o rân c ia d os fatos e dos textos que eles refu­<br />

tam) e que, n o entanto, chegam a resultados diametralmente<br />

opostos; em u m caso, trata-se de um a transformação que se<br />

efetua a u m e n ta n d o a en tropia do livro; no outro, diminuindo-a.<br />

Como aum entar a entropia<br />

C om o títu lo “M ich e l Foucault e a Espanha" foi publicado<br />

em L a p e n s é e u m artigo cuja importância se estaria enganado em<br />

subestim ar. P o is isso não é nada mais. para alguém que critica<br />

um livro, d o que cen su rar seu autor por não ter "dado um pio”<br />

sobre o O restes de Racine, quan do várias páginas lhe sâo dedi­<br />

cadas bem no m eio d o livro. Isso também nada mais é do que cen­<br />

surar o au tor p ela ausência de provas e de justificativas que são<br />

fornecidas, detalhadam ente, nas notas de pé de página. Ser ca­<br />

paz de fazer isso, estando vivo o autor, supõe uma inspiração,<br />

um espírito de sacrifício ou, pelo menos, a abnegação ascética<br />

daquele que escreve com a certeza de que ninguém jamais o lerá.<br />

2. David I. Grossvogel, professor de literatura romana na universidade de<br />

Cornell, diretor da revista Dtacritics, havia ehainado a atençáo de M. Foucault<br />

sobre o artigo de G. Steiner.<br />

3. Revista dos intelectuais do P. C. F.<br />

4. Em francês no texto {N .T .) (nota do original).

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