14.04.2013 Views

Estética - OUSE SABER!

Estética - OUSE SABER!

Estética - OUSE SABER!

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Apresentação XXI<br />

A relação entre o autor e a obra apresenta uma equivalência,<br />

um remetendo ao outro. Em São Jerónimo, os critérios tia exegese<br />

cristã vão fundar uma longa tradição textual que vem até a<br />

crítica moderna. Ele explica que “a homonímia não basta para<br />

identificar legitimamente os autores de várias obras: indivíduos<br />

diferentes puderam usar o mesmo nome, ou um pôde, abusivamente,<br />

tomar em prestado o patronímico do outro". A questão<br />

é, então, para Foucault: “Como. pois, atribuir vários discursos<br />

a um único e m esm o autor? Como fazer atuar a função autor<br />

para saber se se trata de um ou de vários indivíduos?" Há os<br />

quatro critérios de São Jerónimo: a) o primeiro é o da unidade<br />

valor: “se, entre vários livros atribuídos a um autor, um é inferior<br />

aos outros, é preciso retirá-lo da lista de suas obras"; b) o se­<br />

gundo critério é o do autor como campo de coerência conceituai<br />

ou teórica, sem contradição doutrinária: “se certos textos estão<br />

em contradição de doutrina com as outras obras de um autor" é<br />

preciso igualmente excluir estes textos: c) o critério da unidade<br />

do estilo, ou o autor com o unidade estilística: “é preciso igual­<br />

mente excluir as obras que estão escritas em um estilo diferen­<br />

te, com palavras e form as de expressão não encontradas usual­<br />

mente sob a pena do escritor"; d) o autor é "momento histórico<br />

definido e ponto de encontro de um cefto número de aconteci­<br />

mentos”, quando “devem ser. enfim, considerados como inter­<br />

polados os textos que se referem a acontecimentos ou que ci­<br />

tam personagens posteriores à morte do autor" (ver p. 277 nes­<br />

te volume).<br />

A função autor excede a obra porque o campo e a seqüência<br />

de efeitos produzidos ultrapassam de muito a própria obra.<br />

Foucault situa então os "fundadores de discursivtdade", que<br />

produziram bem m ais do que uma só obra: erréram a possibili­<br />

dade e a regra de form ação de outros textos. Nferx e Frcud são<br />

os exemplos porque “to rn a ra m possw ei um a p ossibilid a d e In­<br />

fin ita d e d is cu rs o s " . Foucault os situa de forma próxima à dos<br />

fundadores de cientilicidade, porque instauram uma discursi-<br />

vidade heterogênea a suas transformações ulteriores. Sua posi­<br />

ção, no entanto, é diversa daqueles porque impõem um “retor­<br />

no a", que vai sem pre modificando a discursividade que funda­<br />

ram. ‘o retorno a Frcud modifica a própria psicanálise, e a<br />

Marx, o m arxism o. É desta form a que o retorno a Freud muda a<br />

psicanálise, e é “m omento decisivo na transformação de um<br />

campo discursivo”. Lacan. presente na conferência, concorda

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!