14.04.2013 Views

Estética - OUSE SABER!

Estética - OUSE SABER!

Estética - OUSE SABER!

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Apresentação XXVII<br />

Provocado pela análise de Foucault. John Searle, entre outros,<br />

escreveu sobre o quadro de Velásquez. Ele pensa que o casal<br />

real não é o sujeito do quadro. O verdadeiro sujeito seriam<br />

Las M en in a s, o que daria o caráter enigmático da tela de Velásquez.<br />

Para Foucault, não há enigma, porque o código da epistem<br />

e da idade clássica manifesta a estrutura da ordem.<br />

M as outros autores tam bém se debruçaram sobre a tela<br />

de Velásquez depois de Foucault, entre eles, Joel Snyder, Ted<br />

Cohen, Svetlana Alpers, Leo Steinberg, Jonathan Brown, Fernando<br />

M arias e Jacques Lacan. Este consagrou ao quadro de<br />

Velásquez e à leitura que Foucault dele propusera três sessões<br />

de seu sem inário sobre “o objeto da psicanálise ”, em uma das<br />

quais, em 18 de maio de 1966, Foucault esteve presente.<br />

A cena tem lugar no estúdio de Velásquez: o pintor olha para<br />

seus dois modelos, o rei Felipe IV e sua esposa Marianna, diante<br />

de um a tela de que não se vê o que representa. Nela vê-se pintada<br />

a infanta Margarita. duas de suas damas de companhia,<br />

um anão e um a anã, um cão, o próprio pintor, o tio do pintor e o<br />

casal real, cuja imagem aparece refletida em um espelho. Eis<br />

como Foucault começa sua leitura:<br />

“O pintor está ligeiramente retirado no quadro. Ele lança um<br />

olhar para o modelo; talvez se trate de acrescentar um último<br />

toque, mas é também possível que o primeiro traço ainda não<br />

tenha sido dado. O braço que sustenta o pincel está dobrado<br />

para a esquerda, na direção da palheta; ele está. por um momento,<br />

imóvel entre a tela e as cores. Esta mão hábil está suspensa<br />

ao olhar; e o olhar, retroativamente, repousa sobre o gesto<br />

detido. Entre a fina ponta do pincel e o aço do olhar, o espetáculo<br />

vai liberar seu volume” (ver p. 194 neste volume).<br />

A análise do quadro abre o livro As palavras e as coisas -<br />

que tem como subtítulo U m a a rqu eologia das ciências humanas<br />

- para dar conta da tese fundamental que, desenvolvida<br />

por Foucault, ele assim resume:<br />

"Eis por que o que caracteriza as ciências humanas não é que<br />

elas sejam dirigidas para um certo conteúdo (este objeto singular,<br />

o ser humano), é muito mais uma característica puramente<br />

formal, o simples fato de que, com relação às ciências em que o<br />

ser humano é dado como um objeto (exclusivo no caso da economia<br />

e da filologia, ou parcial no da biologia), elas estão em<br />

uma posição de duplicação, e que esta duplicação pode servir a<br />

Jortiori para elas m esmas.”

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!