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Estética - OUSE SABER!

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Apresentação XLIII<br />

cionalismo honroso, e o grande homem dos velhos nacionalismos<br />

do século XIX”. Foucault observa que a velha direita "tem o<br />

direito de reescrever sua própria história". Ele pensa que o apa-<br />

gamento, nessa conjuntura entre a direita nacional/direita colaboracionista,<br />

foi o que tornou esses filmes possíveis.<br />

O poder tem uma carga erótica. Aqui se coloca para Michel<br />

Foucault um problema histórico: “como foi possível que o nazismo,<br />

que era representado por rapazes deploráveis, miseráveis,<br />

puritanos, espécies de solteironas vitorianas, ou melhor,<br />

viciosas, como foi possível que tenha podido se tornar atualmente<br />

e por todo lado, na França, na Alemanha, nos Estados<br />

Unidos, em toda a literatura pornográfica do mundo inteiro, a<br />

referência absoluta do erotismo?”. Todo o imaginário erótico<br />

de folhetim é posto atualmente sob o signo do nazismo.<br />

Comentando o filme de Syberberg, A F ctptica de HiÜer, Foucault<br />

ressalta que na estética do filme ao tratar do que se passou<br />

na Alemanha dos anos 1939-1945 o autor “conseguiu extrair<br />

uma certa beleza dessa história sem nada mascarar do<br />

que ela tinha de sórdido, de ignóbil, de cotidianam* nte abjeto"<br />

(ver p. 379 neste volume). Foucault contrapõe Syberberg ao filme<br />

sobre Eva Braun feito na França, que segundo Simone Veil<br />

banaliza o horror. E ele propõe, a partir dessa formulação, uma<br />

interessante tese que pode ser generalizada como posição étka.<br />

O filme de Syberberg torna ignóbil o banal. Mostra o que há de<br />

banal em uma certa maneira de pensar, de viver, ern um certo<br />

número de quimeras do europeu comum de 1930, uma certa<br />

potencialidade para o aviltamento. A qualidade de Syberberg é<br />

justamente dizer “que o horror é banal, que a banalidade comporta<br />

cm si mesma dimensões dc horror, que há uma reversibilidade<br />

entre o horror e a banalidade" (ver p. 379 neste volume).<br />

Foucault critica uma certa definição marxista do podei vigente<br />

a partir da época da III Internan- mal, que define o nazismo e o<br />

fascismo como "ditadura terrorista proveniente da parcela<br />

mais reacionária da burguesia". A essa definição, diz ele. falta todo<br />

um conteúdo e uma serie de articulações. O que mais falta é<br />

o falo de que tanto o nazismo quanto o fascismo só foram possíveis<br />

porque houve no interior das massas uma parcela relativamente<br />

importante que assumiu para si e por sua conta um certo<br />

numero de funções estatais de repressão, de controle, de polícia.<br />

Fenômeno importante E aí o termo ditadura aparece, por<br />

um lado. verdadeiro e. por outro, relativamente falso. Foucault

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