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Estética - OUSE SABER!

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1966 - P o r T rá s da Fábula 2 1 3<br />

sam a palavra de um narrador a um outro, assegurando, assim,<br />

o jogo do passa-passa do discurso. "Se o honorável Sr. Maston<br />

não ouviu os hurras dados em sua honra” (acabam de acla-<br />

má-lo no obús gigantesco), “pelo menos, as orelhas lhe zumbiram”<br />

(e o sustentador do discurso vem se alojar, então, em Baltimore).<br />

3) Mais exterior ainda às form as visíveis da fábula, um discurso<br />

a retom a em sua totalidade e a transporta a um outro sistema<br />

de narrativa, a um a cronologia objetiva ou, de qualquer<br />

maneira, a um tem p o que é o do próprio leitor. Esta voz inteiramente<br />

“fora da fábula" indica as referências históricas ("Durante<br />

a guerra federal, um novo clube muito influente..."); ela recorda<br />

outras narrativas já publicadas por J. Verne sobre um<br />

tema análogo (ela chega m esm o à exatidão, em uma nota de<br />

S a n s d e s s u s d e s s o u s . ao separar as verdadeiras expedições<br />

polares daqu ela n arrada em L e d é se rí d e g la c e); também lhe<br />

ocorre rean im ar ao longo da narrativa a memoria do leitor<br />

(“Lem brem os que..."). Essa voz é a do narrador absoluto, a primeira<br />

pessoa do escritor (porém neutralizada!, anotando ñas<br />

margens da sua narrativa o que é necessário saber para utili<br />

zá-la facilm ente.<br />

4) Por trás dele, e ainda m ais longínqua, uma outra voz se<br />

eleva de tem pos em tem pos. Ela contesta a narrativa, sublinha<br />

suas inverossim ilhanças, m ostra tudo aquilo que haveria nela<br />

de im possível. M as responde imediatamente à contestação que<br />

ela provocou. N ão creiam , diz ela. que é preciso ser insensato<br />

para em preender sem elhante aventura: Ela não espantara ninguém:<br />

os Ianques, prim eiros m ecânicos do mundo..." Os personagens<br />

fechados 110 foguete lunar contraem estranhas doenças:<br />

não se surpreendam : “É que. depois de 12 horas, a atmoslera<br />

da cápsula estava carregada desse gas absolutamente deleterio.<br />

produto definitivo da com bustão do sangue." E. por precaução<br />

suplementar, aquela voz justificadora coloca os problemas que<br />

ela deve resolver: “Espantar-se-á talvez ao ver Barbicane e seus<br />

com panheiros tão pouco preocupados com o futuro..."<br />

5) Há 11111 últim o gcnero de discurso ainda mais exterior. Voz<br />

inteiramente im pessoal, articulada por ninguém, sem suporte<br />

nem ponto de origem , vinda de um alem indeterminado e surgindo<br />

no interior do texto por um ato de pura irrupção. Linguagem<br />

anónima ali depositada em grandes placas, Discurso imigrante.<br />

Ora. esse discurso é sem pre um discurso científico. Ha.

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