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Estética - OUSE SABER!

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140 Mii lu-I Koiu .mil Ditos c Escntos<br />

são de que, como Ollier, fica-se pouco à vontade, atualmente, e<br />

tem-se o desejo de fazer alguma coisa a mais, mas o quê? No<br />

caso do livro que você põe em discussão, se ali houvesse realismo.<br />

seria um realismo que buscaria "vira r” o tem po todo o que<br />

se passa 110 campo. Tal como o acontecim ento, ou a coisa, ou o<br />

homem, o indivíduo que passa no cam po da situação e do enquadre<br />

romanesco tem todo um avesso. É possível fazer o tempo<br />

todo o jogo de balanço que perm ite perceber isso, sem, no<br />

entanto, ostentar 0 olhar de Deus, esse fam oso olhar que Sartre<br />

imputava a Mauriac, que ele julgava não artístico? Considerar-se<br />

Deus-pai diante de seu mundo é um truque m uito fácil, e<br />

isso náo se pode mais fazer. Desse ponto de vista, os textos de<br />

Sartre publicados nas Situations e em L a N .R .F ., creio, previamente.<br />

em 1939, têm um valor irreversível. T o d o Robbe-Grillet,<br />

certamente, começa a partir daí e, paralelam ente a Robbe-<br />

Grillet. acredito que seja o caso de m uitos outros.<br />

Mas, então, como fazer? É aí que intervém o aspecto oscilante:<br />

por exemplo, ver ao mesmo tem po as coisas pelo “eu” e pelo<br />

“ele”, pelo “presente” e pelo “passado” . M as o presente e o passado<br />

imediato, não simplesmente o passado da m em ória (essa<br />

seria uma conduta como a de Claude S im on, que estaria muito<br />

mais na linhagem proustiana). Ver, no m esm o m om ento, a coi­<br />

sa ou 0 personagem em seu presente e dep ois nesse im perfeito<br />

imediato que vivemos o tempo todo: com o pen sam os sempre<br />

em uma só coisa, de uma maneira dom inante, e ao m esm o tempo<br />

observamos 0 resto, de uma certa m aneira, o “resto” é colocado<br />

0 tempo todo no imperfeito. Em certos casos, é o objeto<br />

que fixamos que relega nossa própria vida ao im perfeito; em<br />

outros casos, é nossa experiência vivida que relega o cenário ao<br />

imperfeito, isto é, coloca-o já no passado. N o m om en to em que<br />

dizemos: “É uma pena que há três anos eu não tenha feito isso” ,<br />

pois bem, o relógio soa e o percebem os m u ito tarde, chega-se<br />

atrasado, por exemplo, perde-se o trem, faz-se qualquer coisa<br />

defasada, deslocada em relação ao que se deveria fazer. Portan­<br />

to, naquele momento, é a experiência interior que desloca o presente<br />

e o relança já no passado, em outros casos, é o inverso.<br />

Será que um certo jogo de linguagem, ou um certo m odo de<br />

narrativa poderiam chegar a dizer tudo isso sim ultaneam ente?<br />

Se isso é realismo, seria realismo ativado, articu lado em vários<br />

níveis, mas isso náo corresponderia ao que se su põe que o realismo<br />

seja. A expressão, portanto, destrói o realism o.

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