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Estética - OUSE SABER!

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Apresentação XV<br />

tura de ficção da verdade de que o sujeito é o ponto de aplicação,<br />

tese que Lacan desenvolve no seu escrito sobre acarta roubada<br />

de Edgar Allan Poe.<br />

Para além de Blanchot, Foucault nos fala do que é a ficção em<br />

um artigo sobre os autores de Tel quel em que discute as proposições<br />

de Sollers sobre Robbe-Grillet - cuja “importância é<br />

avaliada pela questão que sua obra coloca para qualquer obra<br />

que lhe seja contemporânea" (ver p. 60 neste volume). Da ficção,<br />

eis o que ele nos diz com algumas precauções: “para essa<br />

palavra ficção, várias vezes trazida, depois abandonada, é preciso<br />

voltar finalmente. Não sem um pouco de temor. Posto que<br />

ela soa como um termo de psicologia (imaginação, fantasma,<br />

devaneio, invenção etc.). Porque parece pertencer a uma das<br />

duas dinastias, do Real e do Irreal. Porque parece reconduzir -<br />

e isso seria tão simples após a literatura do objeto - às flexões<br />

da linguagem subjetiva” (ver p. 68 neste volume). São experiências<br />

de que ela trata, “as do sonho e da espera, da loucura e da<br />

vigília, (...) às quais o surrealismo já havia emprestado sua linguagem”<br />

(ver p. 68 neste volume). Mas o sentido que o surrealismo<br />

concedera a essas experiências difere daquele que Michel<br />

Foucault lhes empresta. Não se trata da "busca de uma realidade<br />

que as tornasse possíveis e lhes desse (...) um poder imperioso”.<br />

Manter essas experiências onde estão, em sua superfície<br />

sem profundidade, nesse volume impreciso de onde elas<br />

nos vêm, vibrando em torno de seu núcleo indeterminável, sobre<br />

seu solo que é uma ausência de solo. “E se o sonho, a loucura,<br />

a noite não m arcassem o posicionamento de nenhum limiar<br />

solene, m as traçassem e apagassem incessantemente os limites<br />

que a vigília e o discurso transpõem, quando eles vêm até nós e<br />

nos chegam já desdobrados?” (ver p. 68 neste volume).<br />

O fictício não seria o que está além nem os segredos do cotidiano,<br />

m as “o que nomeia as coisas, fá-las falar e oferece na linguagem<br />

seu ser já dividido pelo soberano poder das palavras”<br />

(ver p. 68 neste volume). E logo em seguida: “Não dizer, portanto,<br />

que a ficção é a linguagem: o giro seria muito simples, embora<br />

seja familiar atualmente. Dizer, com mais prudência, que há<br />

entre elas um a dependência complexa, uma confirmação e uma<br />

contestação; e que, mantida por tanto tempo quanto possa abster-se<br />

da faia, a simples experiência que consiste em pegar uma<br />

caneta e escrever franqueia (como se diz: liberar, desenterrar,<br />

retomar um penhor ou retornar a uma fala) uma distância que náo

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