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Estética - OUSE SABER!

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1964 - D ebate sobre o Rom ance 1 7 5<br />

nômeno no qual pensa Durry é o problema da supressão das<br />

correlações. Quando uma palavra não tem mais significação<br />

para nós, é porque perdeu sua imagem, é inicialmente - no sentido<br />

da psicologia da form a - porque não tem mais forma, não é<br />

mais apreendida como forma; é o que acontece quando não sabemos<br />

mais ortografia, por exemplo, e a palavra não passa de<br />

uma justaposição de letras indiferentes; nesse momento, não<br />

há mais nenhuma razão para que haja dois “r” ou dois “1” ; a palavra<br />

se dissolveu, faltam-lhe então as correlações internas que<br />

lhe permitem form ar uma totalidade, ser uma “boa form a” no<br />

sentido da G esta ltth eorie; e, em segundo lugar, esse universo é<br />

também um universo onde as coisas não têm mais ligação significante<br />

entre elas. Creio que esse é um problem a completamente<br />

diferente do da “realidade” no sentido vulgar, ou no sentido<br />

requintado, porque qualquer realidade, seja ela a do poeta,<br />

a do escritor ou a do pintor - seja esse pintor abstrato ou concreto<br />

- é uma realidade estruturada, que possui uma certa fo r­<br />

ma de estrutura.<br />

M. F ou ca u lt: Esse problem a da realidade estaria de fato bem<br />

colocado - como você o diz - em uma estética que seria uma estética<br />

da percepção. Mas acredito que tudo o que foi dito tende<br />

a provar que o problem a das pessoas que escrevem para T el<br />

quel é o de uma estética da linguagem, interior à linguagem.<br />

Nessa medida, questioná-los, colocá-los em causa, com proble­<br />

mas como os da percepção não traz...<br />

M. de G a ndillac: Foi para D urry que eu tentei trazer um pe­<br />

queno elemento de resposta, não foi para T el q u el.<br />

M. Foucault: Respondo de um ponto de vista que não é inteiramente<br />

o meu. Em filosofia, não sou som ente materialista,<br />

sou...<br />

M. Pleynet: Creio que esse exem plo da palavra que não tem<br />

sentido era muito curioso, porqu e m e parece que isso indica<br />

mais um caso patológico do que qualquer outra coisa.<br />

M. de Gandillac: Mas, o que você cham a de “patológico” , o<br />

que é a patologia? Muito sim plesm ente, a palavra perdeu, em<br />

um dado momento, sua significação de sím bolo. Isso seria m uito<br />

grave, por exemplo, se ocorresse com o condutor de um<br />

trem; bruscamente, ele não recon h eceria o sinal verm elh o, ou<br />

muito simplesmente no caso de um m otorista para qu em o sinal<br />

vermelho não passasse de um a m ancha, ele pensaria: m as o<br />

que é isso? Sim, ela talvez tenha um a certa co r etc., m as não é

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