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Estética - OUSE SABER!

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Apresentação V X ! X<br />

Esse ponto central é aquele para o qual aponta aquilo que é<br />

representado e ao mesmo tempo está ausente. “Simultaneamente<br />

objeto, porque é o que o artista representado recopia sobre<br />

sua tela, e sujeito, já que o que o pintor tinha diante dos<br />

olhos, ao ser representado no seu trabalho, era ele próprio,<br />

porque os olhares figurados sobre o quadro são dirigidos para<br />

essa localização fictícia do real personagem que é o lugar real<br />

do pintor onde se alternam o pintor e o soberano, é o espectador<br />

cujo olhar transforma o quadro em um objeto, pura representação<br />

dessa falta essencial."*<br />

Diz Foucault: “No pensamento clássico, aquele para o qual a<br />

representação existe, e que se representa a si próprio nela. reconhecendo-se<br />

como imagem ou reflexo, aquele que enlaça os<br />

fios entrecruzados da representação em quadro’ - este jamais<br />

se encontra presente. Antes do fim do século XVIII, o homem<br />

não existia.”**<br />

Na nova perspectiva da eplsteme, o homem aparece em uma<br />

posição ambígua: objeto para o saber e sujeito que conhece. Ocupa,<br />

assim, este lugar de "soberano submetido, espectador olhado<br />

que surge deste lugar do Rei" que, diz Foucault, lhe assinalava<br />

previamente Las M eninas. Essa função antecipatória do quadro<br />

pode ser entendida pela leitura arqueológica de Foucault.<br />

Elisão e desdobramento do duplo produzem uma estranha<br />

familiaridade. A elisão é a do casal real que só aparece como<br />

imagem refletida no espelho - e que brilha com um fulgor singular,<br />

diz Foucault, sobre a parede que constitui o fundo da<br />

peça. A duplicação é a da pintura no interior da pintura, pois se<br />

vê a parte posterior de um quadro representada do lado esquerdo<br />

do espaço da pintura que se apresenta pela sua ausência<br />

na pintura e diante da qual nos contempla um pintor.<br />

Esse quadro põe em questão o princípio da realidade, na medida<br />

em que interroga o sujeito dividido pela representação pictórica.<br />

Em Lacan, não se trata da divisão do sujeito pelas representações<br />

diferentes, mas pelo seu prazer como espectador. Se<br />

em Foucault há um privilegio do Jogo formal da representação<br />

ou dos significantes, em Lacan trata-se da dimensão pulsional.<br />

Se para Foucault o rei e a rainha ausentes são os elementos<br />

ordenadores do quadro, em Lacan o que importa é a janela à di­<br />

'l.es mots et les choses. Ed. Gallimard. p. 319.<br />

**Lcs mots rt les choses, Ed. Gallimard, p. 319.

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