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Estética - OUSE SABER!

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118 Muhii Fom-auU Ditos o Escritos<br />

simulacro de uma oferenda, uma vez que ele só guarda do que<br />

da a debil silhueta distante, o simulacro visível. Em Le soujfleur,<br />

o teatro toma o lugar desse olhar que dá, exatamente como ele<br />

reinava em Roberte e La révocation9. O teatro impõe a Roberte<br />

o papel de Roberte: ou seja, tende a reduzir a distância interior<br />

que se abria no simulacro (sob o efeito do olhar que dá) e a fazer<br />

habitar pela própria Roberte o duplo que dela destacou<br />

Théodore (talvez K.). Mas, se Roberte desempenha seu papel<br />

com naturalidade (o que lhe ocorre ao menos para uma réplica).<br />

isso não é mais que um simulacro de teatro, e se Roberte<br />

em compensação balbucia seu texto, é Roberte-Roberte que se<br />

esquiva sob uma pseudo-atriz (que é deplorável na medida em<br />

que ela náo é atriz, mas Roberte). Porque só pode desempenhar<br />

esse papel um simulacro de Roberte que de tal form a se assemelhe<br />

a ela. que Roberte talvez seja ela própria esse simulacro.<br />

É preciso então ou que Roberte tenha duas existências ou que<br />

ali haja duas Roberte com uma existência; é preciso que ela seja<br />

puro simulacro de si. No olhar, é o O lhador que é duplicado (e<br />

até a morte); sobre a cena do falso teatro, é a que é Olhada que é<br />

atingida por uma irreparável cisáo ontológica.10<br />

Mas, por trás de todo este grande jogo das-çxperiências alternantes<br />

que fazem mover convulsivamente os simulacros, haverá<br />

um Operador absoluto que envie dali signos enigmáticos?<br />

Em La vocation suspendue, parece que todos os simulacros e<br />

suas alternâncias são organizados em torno de um apelo maior<br />

que neles se faz ouvir, ou que talvez tam bém continue mudo.<br />

Nos textos seguintes, esse Deus im perceptível mas apelante foi<br />

substituído por duas imagens visíveis, ou melhor, duas séries<br />

de imagens que estão, em relação aos sim ulacros, ao mesmo<br />

tempo no mesmo nível e em perfeito desequilíbrio: duplicadores<br />

e duplicados. Em uma extremidade, a dinastia dos personagens<br />

monstruosos, no limite da vida e da m orte: o professor<br />

Octave, ou este “velho mestre” que se vê no início do Souffleur<br />

comandar as manobras das agulhas de uma estação de trem de<br />

subúrbio, em um vasto saguão envidraçado anterior ou posterior<br />

à existência. Mas este “operador” intervém realmente?<br />

Como ele amarra a trama? O que é ele precisam ente? O Mestre,<br />

o tio de Roberte (aquele que tem duas caras), o Dr. Rodin (aque­<br />

9. Klossowski (P.), La révocation de Védit de Nantes, ín Les lois de<br />

rhospltalíté, op. cif.<br />

10. (N.A.) Encontramos ali, mais como form a pura e no jogo despojado do<br />

simulacro, o problema da presença real e da transubstanciação.

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