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Estética - OUSE SABER!

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1 7 0 M kiid Foueault - Ditos e Escritos<br />

Aí. Foueault: Se compreendo bem o debate tal como ele se<br />

desenvolveu aproximadamente, me parece que a tese de San-<br />

guineti consiste em dizer que houve, em um dado momento, ligação<br />

entre urna certa linguagem - que era essencialmente metafórica<br />

- e, por outro lado, urna certa percepção trágica; agora<br />

- e é o que Faye quis dizer - avançamos na direção de um mundo<br />

de análise universal em que a m etáfora com o tal não tem um<br />

lugar particular, nao é o recurso da linguagem, mas a linguagem<br />

se revela como meio universal de analogias com todo um<br />

sistema de repercussões, de estruturas que se encontram, se<br />

modificam etc., e aquele mundo é para você um m undo não trágico.<br />

portanto nao significante, portanto insignificante.<br />

E. Sanguineti: Disse apenas isto: eu fazia um a constatação<br />

histórica, ou procurava fazê-la; questionava o sentido que a recusa<br />

da metáfora tem: eu dizia (sem pre m al) em Robbe-Grillet,<br />

digo, melhor, em Kafka. Eu me pergunto se as duas projeções,<br />

ou seja, o abuso da metáfora Proust-Joyce, ou a recusa da metáfora<br />

- a solução Kafka -, que são evidentem ente simétricas,<br />

que indicam uma crise de comunicação com a sociedade, que<br />

evidentemente, a rigor, é uma recusa da condição da sociedade,<br />

projetada na forma da linguagem, não são totalm ente equivalentes.<br />

Qual é a verdadeira diferença entre as duas posições?<br />

Vou me referir, uma vez mais, à hipótese de A dorn o, e esta talvez<br />

seja uma sugestão que proponho aos m úsicos: não haverá<br />

aí justamente analogia entre os processos de Schõnberg, de um<br />

lado, e de Stravinski, de outro, e justam ente essa diferença entre<br />

os dois? Quanto ao valor, suspendo qualqu er julgamento;<br />

seria preciso antes ver exatamente... O que constato é que há<br />

uma diferença muito grande. Estam os no lim ite - se você me<br />

permite retomar um termo de ontem, qu an do eu dizia que a<br />

burguesia é o romantismo - da form a rom ântica; pois creio que<br />

isto é uma alegoria; no momento em que R obbe-G rillet toma<br />

consciência do que está implícito em Kafka, ou seja, da possibilidade,<br />

a partir da recusa da metáfora, da recusa do trágico, há,<br />

evidentemente, nesse momento, a recusa do rom antism o; estamos<br />

verdadeiramente no limite possível do rom antism o como<br />

tal. Não que eu acredite que o rom antism o seja a metáfora; a coisa<br />

não é tão simples, não é, mas certas possibilid ad es de trágico<br />

que estão absolutamente ligadas às concepções românticas<br />

burguesas só são possíveis a partir de certas condições dadas.<br />

O que me impressiona, por exemplo, em R obbe-G rillet, é que

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