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Estética - OUSE SABER!

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1963 - Distância. Aspecto, Origem 7 3<br />

to, unia cor em Le pare. um raio de sol em La cérém onie) em<br />

torno da qual a linguagem gira, constitui-se, recompõe-se, assegurando<br />

a passagem por sua repetição ou sua imperceptível<br />

continuidade. Figura oposta à imaginação que abre o fantasma<br />

para o próprio âmago das coisas, o fictício habita o elemento vetor<br />

que se apaga pouco a pouco na precisão central da imagem -<br />

simulacro rigoroso do que se pode ver, duplo único.<br />

Mas jamais poderá ser restituído o momento anterior à dispersão;<br />

jamais o aspecto poderá ser conduzido à pura linha do<br />

tempo; jamais se reduzirá a difração que Les images significam<br />

pelas mil aberturas envidraçadas do imóvel, que Le pare<br />

relata em uma alternativa suspensa ao “infinitivo” (cair do balcão<br />

e se tornar o silêncio que segue o barulho do corpo, ou bem<br />

rasgar as páginas do caderno em pequenos pedaços, vê-los oscilar<br />

um instante no ar). Assim, o sujeito falante encontra-se banido<br />

para as bordas exteriores do texto, nele deixando apenas<br />

um entrecruzamento de sulcos (Eu ou Ele, Eu e Ele simultaneamente),<br />

flexões gramaticais entre outras dobras da linguagem.<br />

Ou também, em Thibaudeau, o sujeito vendo a cerimônia, e<br />

vendo aqueles que a vêem, provavelmente não está situado em<br />

nenhum outro lugar a não ser nos “vazios deixados entre os<br />

passantes”, na distância que torna o espetáculo longínquo, na<br />

cesura cinzenta das paredes que oculta os preparativos, a toalete,<br />

os segredos da rainha. De todos os lados se reconhece, mas<br />

às cegas, o vazio essencial no qual a linguagem toma seu lugar;<br />

não lacuna como aquelas que a narrativa de Robbe-Grillet não<br />

pára de cobrir, mas a ausência de ser, brancura que é, para a<br />

linguagem, meio paradoxal e também exterioridade indelével. A<br />

lacuna nào é, fora da linguagem, o que ela deve mascarar nem é<br />

nela o que a dilacera irreparavelmente. A linguagem é esse vazio,<br />

esse exterior no interior do qual ela não pára de falar: "O<br />

eterno escoamento do fora." Talvez seja em um tal vazio que<br />

ecoc, a um tal vazio que se dirija o tiro central do Pare. que detém<br />

o tempo no ponto intermediário entre o dia e a noite, matando<br />

o outro e também o sujeito falante (de acordo com uma figura<br />

que nào deixa de ter parentesco com a comunicação tal<br />

como a concebia Bataille). Mas esse assassinato não atinge a<br />

linguagem; talvez mesmo, nessa hora que não é sombra nem<br />

luz, nesse limite de tudo (vida e morte, dia e noite, fala e silêncio)<br />

abra-se a saída de uma linguagem que havia começado desde<br />

sempre. Pois. sem dúvida, não é da morte que se trata nessa

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