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Estética - OUSE SABER!

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188 Mniu -1 Kinic-aull - Oitos c Escritos<br />

Injusta, portanto, é a crítica feita a Riehard de se esquivar do<br />

rigor das formas tornando-as contínuas e absolutamente plásticas.<br />

Pois seu projeto é dizer justamente a dissolução das formas.<br />

sua perpétua derrota. Ele narra o jogo da forma e do informe:<br />

ou seja, o momento essencial, tão difícil de enunciar, em<br />

que se enlaçam e se desenlaçam a literatura e o murmúrio.<br />

2) Mas, quem entáo fala nessa massa de linguagem entendida<br />

segundo seu murmúrio descontínuo e repetido? Ninguém?<br />

Ou este homem real que foi Stéphane Mallarmé, e que deixou<br />

de sua vida, de seus amores, de suas comoções, de sua existência<br />

histórica esses traços que hoje lemos? A resposta a essa<br />

questão é importante: é aí que espreitam com igual impaciência<br />

os antipsicologistas, que têm bastante razão de pensar que as<br />

biografias têm pouco peso, e os psicanalistas, que sabem claramente<br />

que não se pode limitar a tarefa, uma vez empreendida,<br />

da interpretação. Ora, que faz Riehard? O Mallarmé ao qual ele<br />

refere suas análises não é nem o sujeito gramatical puro nem o<br />

denso sujeito psicológico; mas aquele que diz “eu” nas obras,<br />

cartas, rascunhos, esboços, confidências; ele é, portanto, aquele<br />

que, de longe e por aproximações sucessivas, põe à prova sua<br />

obra sempre futura, de qualquer modo jamais concluída através<br />

das brumas contínuas de sua linguagem; e, nesse sentido,<br />

ele sempre transpõe os limites de sua obra, contornando suas<br />

fronteiras, só se aproximando e penetrando nela para ser por<br />

ela imediatamente repelido, como o vigia mais próximo e o<br />

mais excluído; mas, inversamente, ele é aquele que, na trama<br />

da obra e a ultrapassando desta vez em profundidade, descobre<br />

nela e a partir dela as possibilidades ainda futuras da linguagem;<br />

de tal forma que ele próprio é, dessa obra necessariamente<br />

fragmentária, o ponto virtual de unidade, a única convergência<br />

no infinito. O Mallarrhé que Riehard estuda é, portanto,<br />

exterior à sua obra, mas de uma exterioridade tão radical e<br />

pura que ele não passa do sujeito dessa obra; ele é sua única referência;<br />

mas só tem a ela como todo conteúdo; ele só mantém<br />

relação com essa forma solitária. De forma que Mallarmé é,<br />

também, nessa camada de linguagem, a dobra interior que ela<br />

desenha e em torno da qual ela se reparte - a forma mais interior<br />

dessa forma.<br />

Certamente, cada ponto da análise de Riehard está ameaçado<br />

por duas injunçóes possíveis e perpendiculares: uma para<br />

formalizar, outra para psicologizar. Mas o que surge, na linha<br />

r<br />

J

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