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Estética - OUSE SABER!

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1964 - Debate sobre o Romance 125<br />

é: qual é a diferença? Quando Sollers fcila do retorno ou da reminiscência,<br />

ou quando nos textos se fala do dia e da noite e do<br />

movimento pelo qual o dia e toda luz se perdem na noite etc.,<br />

em que isto é diferente das experiências que se podem encontrar<br />

nos surrealistas?... Parece-me - mas sem que esteja muito<br />

certo disso - que os surrealistas haviam colocado essas experiências<br />

em um espaço que se poderia chamar de psicológico;<br />

elas eram, em todo caso, domínio da psique; fazendo essas experiências,<br />

eles descobriam esse atrás do mundo, esse mais<br />

além ou aquém do mundo que era para eles o fundamento de<br />

toda razão. Eles reconheciam ali uma espécie de inconsciente,<br />

coletivo ou não. Creio que isso não é absolutamente o que se encontra<br />

em Sollers e no grupo Tel quel; parece-me que as experiências<br />

de que Sollers falou ontem, ele não as localiza no espaço<br />

da psique, mas no do pensamento; isto é, para aqueles que<br />

fazem filosofia, o que há de absolutamente notável aqui é que se<br />

tenta manter no nível de uma experiência muito difícil de formular<br />

- a do pensamento - um certo número de experiências-li-<br />

mites como as da razão, do sonho, da vigília etc., mantê-las nesse<br />

nível do pensamento - nível enigmático que os surrealistas<br />

haviam, na realidade, mergulhado em uma dimensão psicológica.<br />

Até certo ponto, acredito que pessoas como Sollers retomam<br />

um esforço que foi muito freqüentemente interrompido,<br />

rompido, que é tam bém o de Bataille e de Blanchot. Por que<br />

será que Bataille foi para a equipe de Tel quel alguém tâo importante,<br />

a não ser porque Bataille fez emergir das dimensões<br />

psicológicas do surrealism o alguma coisa que ele chamou de<br />

“limite ”, "transgressão", ‘riso ', "loucura ", para fazer delas experiências<br />

do pensamento? Direi de boa vontade que se coloca<br />

então a questão: o que é pensar, o que é essa experiência extraordinária<br />

do pensamento? E a literatura, atualmente, redesco-<br />

bre essa questão próxim a mas diferente daquela que foi recentemente<br />

inaugurada pela obra de Roussel e de Robbe-Grillet: o<br />

que é ver e falar?<br />

Parece-me que há uma segunda coisa: para os surrealistas, a<br />

linguagem, na realidade, não passava de um instrumento de<br />

acesso ou também de uma superfície de reflexão para suas experiências.<br />

O jogo ou a densidade das palavras eram simplesmente<br />

uma porta entreaberta para esse pano de fundo simultaneamente<br />

psicológico e cósm ico; e a escrita automática era a<br />

superfície sobre a qual vinham se refletir essas experiências.

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