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Estética - OUSE SABER!

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28 6 Michel Foucault - Ditos e Escritos<br />

O qvie acabo de esboçar a propósito dessas “instaurações<br />

discursivas" é. certamente, muito esquemático. E m particular,<br />

a oposição que tentei traçar entre um a tal instauração e a fun­<br />

dação científica. Nem sempre é fácil decidir se se trata disso ou<br />

daquilo: e nada prova que ali estão dois procedim entos exclusi­<br />

vos um em relação ao outro. Tentei essa distinção com um úni­<br />

co fim: mostrar que essa função autor, já com plexa quando se<br />

tenta localizá-la no nível de um livro ou de u m a série de textos<br />

que trazem uma assinatura definida, com porta tam bém novas<br />

determinações, quando se tenta analisá-la em conjuntos mais<br />

amplos - grupos de obras, disciplinas inteiras.<br />

[Lamento muito não ter podido trazer, p a ra o debate que<br />

agora vai se seguir, nenhuma proposição positiva: no máximo,<br />

direções para um trabalho possível, cam inhos de análise. Mas<br />

devo pelo menos dizer, em algumas palavras, p a ra terminar, as<br />

razões pelas quais dou a isso um a certa im portância.]<br />

Tal análise, se ela fosse desenvolvida, talvez perm itisse intro­<br />

duzir a uma tipologia dos discursos. Parece-m e, de fato, pelo<br />

menos em uma primeira abordagem, que sem elhante tipologia<br />

não poderia ser feita somente a partir das características gra­<br />

maticais dos discursos, de suas estruturas form ais, ou mesmo<br />

de seus objetos; existem, sem dúvida, propried ad es ou relações<br />

propriamente discursivas (irredutíveis às regras d a gramática e<br />

da lógica, como às leis do objeto), e é a elas que é preciso se diri­<br />

gir para distinguir as grandes categorias de discurso. A relação<br />

(ou a não-relação) com um autor e as diferentes form as dessa<br />

relação constituem - e de uma m aneira bastante visível - uma<br />

dessas propriedades discursivas.<br />

Por outro lado, acredito que se poderia encontrar aí um a in­<br />

trodução à análise histórica dos discursos. Talvez seja o momento<br />

de estudar os discursos não m ais apenas em seu valor<br />

expressivo ou suas transformações form ais, m as nas modali­<br />

dades de sua existência: os modos de circulação, de valoriza­<br />

ção, de atribuição, de apropriação dos discursos variam de<br />

acordo com cada cultura e se modificam no interior de cada<br />

uma; a maneira com que eles se articulam nas relações sociais<br />

se decifra de modo, parece-me, mais direto no jogo da função<br />

autor e em suas modificações do que nos temas ou nos concei­<br />

tos que eles operam.

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