Historia da litteratura Espirito-Santense [microform]

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Nas festas em louvor a S. Benedicto, o vate não era
somente o pregador a priori apontado, mas também o
escolhido para compor versos em honra do santo e de
quantos concorriam para o brilhantism.o da solemnidade.
Era que o povo já começava a comprehender que o
sermão precisava mjudar de significação; não seria isso
uma democratisação das crenças religiosas, como feliz
antecipação da que teve legar em outra esphera, no fim
do século? (^)
Nestas festas, os preitos de veneração ao santo, tanto
eram sacros como profanos; umas vezes no dia em que
se praticavam os actos religiosos, eram inaugurados por
(1) Não se canse o leitor indulgente com os detalhes que em
repetidas notas venho fazendo; ellas tem por fim avivar usos e costumes
populares do folk-lore espirilo-santense, que nunca viram a
imprensa e que com o transcurso do tempo podem ficar destruí-
dos.
E de data immemorial, em minha terra, a devoção ao santo
negro de Palerufõ; esse culto, embora sem a mesma pompa, é ce-
lebrado em quasi todas as vilias e cidades da província edo Brazil-
Não está, porenj, averiguado quem o transplantou na America e
convinha tirar a limpo, si foram os missionários portuguezes dos
séculos XVI e xvii que o instituíram, á guisa de consolo aos africa-
nos importados na colónia, ou os missionários italianos, em honra
ás virtudes do heróe da Sicília, cuja humildade e abnegação no mar-
tyrio, tão vivamente impressionaram a gentilidade.
Seja como fôr, o que é certo é que na capital da província,
S. Benedicto até hoje é venerado em duas devoções difTerentes : a
do convento de S. Francisco e a da egreja do Rozario, formando
dois partidos.
Os devotos do santo venerado no convento, são chamados —
cararnúrús e os do da egreja do Yiozario^ peroás, nomes tirados de
dois peixes conhecidos no logar, sendo um de côr verde e outro
listrado de azul.
Vem dahi o usarem aquelles um mantelete verde na opa e es-
tes, mantelete azul.
.-áto-ií-^*-. ^-íks