16.04.2013 Views

Historia da litteratura Espirito-Santense [microform]

Historia da litteratura Espirito-Santense [microform]

Historia da litteratura Espirito-Santense [microform]

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

366<br />

os dois pólos magnéticos — o amor e o ódio—e faz obra<br />

só na direcção do segundo.<br />

A construcção artistica assim architecta<strong>da</strong>, não teM*<br />

consistência e a prova penso encontrar nos Analhemas.<br />

No quadro <strong>da</strong>s Virgens —tscrcvc o auctor:<br />

nVejo-as passar, virgens do corpo, rameiras <strong>da</strong> alma. . . . Comque<br />

insólito desdém olham essa rebeldia <strong>da</strong> Natureza — a minha<br />

feal<strong>da</strong>de .''<br />

E não vêem que tenho para ellas um rictus de sarcasmo, que<br />

lhes cuspo na face um laivo de ironia, o babaréo desta bocca que<br />

a dôr torcicolou ?<br />

Os roeos olhos são estrabicos, vesgos, de não poderem enca-<br />

rar esses cartazes òa vai<strong>da</strong>de impressos em carmim.<br />

Nessa corcun<strong>da</strong> ignóbil, cavalguei mulheres, que depois, ente-<br />

diado, arrastei á lama e ao despreso ignaro.<br />

Riem-se: ellas, que têm uma nuvem de aromas a encobrir o<br />

cheiro pútrido dos menstruos.<br />

— Feio. . . . feio.<br />

. . . dizem.<br />

E eu, num impuiso de vai<strong>da</strong>de e<br />

de egoismo; eu, que sou forte, blin<strong>da</strong>do pela Dôr— cobarde, apavorado,<br />

chego-me ao espelho para recuar aterrado, supplice, esmagado<br />

por esse desprezo ignóbil, perguntando a mim mesmo: — Porque<br />

sou tão feio? E uma voz intima, crystallinamente, responde:<br />

Para saberes odiar: morde com o teo bico de milhafre to<strong>da</strong>s as<br />

consciências, espicaça-as e com esse sangue lava a vai<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s vir-<br />

gens de cheiro pútrido dos menstruos»; Anathemas, Sg — 6o.<br />

Eis aqui a obsessão!<br />

Riem-se umas meninas de um corcun<strong>da</strong> que passa;<br />

acham-n'o feio e riem-se.<br />

Que são ellas: Rameiras <strong>da</strong> alma.<br />

O corcun<strong>da</strong> vae para casa reflectir na sua feal<strong>da</strong>de<br />

diante de um espelho e assenta, para vingança do ultraje<br />

de que foi victima, morder to<strong>da</strong>s as consciências^ espica-<br />

çal-as, para com esse sangue lavar a vai<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s virgens<br />

do cheiro pútrido dos menstruos ....<br />

Ha belleza, ha naturali<strong>da</strong>de, ha arte, nesse referver<br />

de más paixões?

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!