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Historia da litteratura Espirito-Santense [microform]

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!?^<br />

populações, nem á segurança e commodi<strong>da</strong>de de ca<strong>da</strong><br />

membro <strong>da</strong> communhão, em particular.<br />

Em 3i de dezembro de 1906, Olavo Bilac editava<br />

nas columnas á'A Noticia estas causticantes ironias, á<br />

propósito <strong>da</strong> situação aíflictiva dos habitantes <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de<br />

do Rio de Janeiro, nos periodos pluviosos:<br />

«Não sei si o velho Noé, depois dos quarenta dias e <strong>da</strong>s qua-<br />

renta noites do diluvio biblico, ao pôr o pé no monte Ararat, teve<br />

a coragem necessária para se entregar a qualquer trabalho.<br />

O que sei é que nós, os cariocas, depois do diluvio de hontem,<br />

e depois <strong>da</strong>s trágicas aventuras a que elle nos submetteo, devíamos<br />

estar dormindo somno de pedra, e, entretanto, já por ahi<br />

an<strong>da</strong>mos todos nos faina do trabalho, ganhando o pão do dia.<br />

Que aventuras, ó potestades celestes !<br />

Quanta gente passou a noite fora de casa, sem poder dormir<br />

debaixo do tecto legal!<br />

Aqui estou eu para exemplo: morador na famosa rua Christovam<br />

Colombo (que ha de passar á posteri<strong>da</strong>de, de par com os dire-<br />

ctores <strong>da</strong> Companhia Jardim Botânico) ain<strong>da</strong> tenho a cabeça atur-<br />

di<strong>da</strong> e zonza, depois <strong>da</strong> hoi^rivel noite de insomnia, que tive de<br />

curtir sobre a dura cama de um infame quarto de hotel, por não<br />

querer arriscar-me a deixar as pernas, a cabeça ou a vi<strong>da</strong> em um<br />

dos buracos que essa abençoa<strong>da</strong> e immorial companhia cavou na<br />

rua maldicta.<br />

Emfim, com dôr de cabeça ou sem ella, aqui estou eu traba-<br />

lhando. ' ;; .<br />

E não me queixo <strong>da</strong> minha sorte: porque, emfim, um homem<br />

que mora na rua Christovam Colombo ha nove annos, e que ain<strong>da</strong><br />

consegue estar vivo— é incontestavelmente um homem feliz, prote-<br />

gido por uma estrella propicia.<br />

Também já estão trabalhando, a esta hora, os moradores de<br />

Mangue, de S. Christovam, de Villa-Isabel, de todos esses bairros<br />

martyres que as inun<strong>da</strong>ções do verão periodicamente assolam.<br />

Extranho, miraculoso, prodigioso paiz, que é esta pátria dos<br />

sabiás e <strong>da</strong>s palmeiras!<br />

Ha um século que temos inun<strong>da</strong>ções no Rio de Janeiro! ha<br />

um século que se sabe qUe a causa <strong>da</strong>s inun<strong>da</strong>ções é a deficiência<br />

e a imperfeição dos exgottos! ha um século que na<strong>da</strong> se faz para<br />

evitar essa calami<strong>da</strong>de periódica! e ha um século que este povo se

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