Historia da litteratura Espirito-Santense [microform]

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Diante daquellas grossas trevas, que afogavam no berço a
creação divina, Deos parece reflectir: revolve na riqueza de sua sa-
bedoria, aparta com sua omnipotência e pronuncia aquelle primeiro
e solemnissimo Fiai, que foi a morte das trevas, a vida da luz e o
mais jucundo sorriso da creação.
Fiat lux et lux /acta est.
Desperta-se então a natureza e sobre os escombros das trevas
e dos abysmos, corre, aos acenos do Greador, a mostrar ao homem
as grandezas de Deos e as maravilhas pasmosas de sua omnipo-
tência.
Essa luz material, foi o mais formoso e delicado adorno com
que se vestio a terra, para se mostrar e apresentar ao rei da crea-
ção.» Tímidos Ensaios, 324-325.
Espirito disciplinado nos ensinamentos da fé religio-
sa, o monsenhor E. Pedrinha não é um obscurantista,
nem do numero dos que julgam incompaiiveis as funcções
do ecclesiastico com as do cidadão.
Tão pouco é homem facil de obedecer ás injuncçÕes
desarrasoadas do poder.
Da primeira vez que visitou o berço depois de ordenado,
em 1891, a auctoridade civil entendeo de o man-
dar summariar criminalmente, pelo facto de effectuar
casamentos sem precedência da solcmnidade civil, por
supposia infracção do cariou contido no art. 284 do Có-
digo Penal.
Fui do numero dos que então no Estado esposaram
a defeza da causa do padre rebelde e relembro este caso,
não para avivar louros amortecidos ou armar á gratidão,
mas, para ainda uma vez repetir, que tão legal foi o acto
do sacerdote, quão arbitraria e subversiva das institui-
ções republicanas, a interpretação dada em sentido con-
trario pelo Governo, ao preceito do 4.*^
§ do art. 72 da
Const. F^ederal, combinado com os §§ 3.° e j.'^ do mesmo
artigo, sem a menor duvida derogaiorio daquelle texto
penal.
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