Historia da litteratura Espirito-Santense [microform]

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' O depoimento de Blake nada adeanta; transçre-
vendo-o, apenas desejo salientar que o poeta, a partir
de sua permanência em Portugal, esqueceo por completo
as impressões que levara do seo paiz de origem e é fora
de duvida que, distanciado delle como se achou, não
podia compor o Poema Marianno com as particula-
permaneceo até 1762, como soldado recrutado. Era .filho de pae
portuguez e de mãe africana. Mais tarde retirou-se por qualquer
motivo para Portugal; ahi fez novos estudos e recebeo ordens
sacras, salientando-se desde então nos prélios poéticos da época,
principalmente nos travados no seio da Arcádia, de que veio a fazer
parte, com o baptismo de Lereno. Em Lisboa foi capellão da Casa
de Supplicação.
Contemporâneo de Filinto Elysio e Bocage, por varias vezes
satyrisou-os fortemente.
Bocage entre muitos outros, tem um verso que lembra o ódio
que votava ao poeta brasileiro :
E' assim- a quadrinha :
« Dizem que o Caldas Barboza
Em Bocage aferra o dente.
Ora é forte admiração
Ver um cão mordendo a gente. »
Caldas Barboza, diz S. Roméro, era um talento aberto ás boas
impressões, uma alma simples, pouco apta ás villezas da sociedade
em que viveo. Morreo a 9 de novembro de 1800 ; seos versos foram
publicados sob o titulo — Viola de Lereno, collecção das suas can-
tigas offerecidas aos seos amigos, edição de Lisboa, 1825 ;
cit. Hist.
da Litt.^ 261-263, 1.
Como quer que seja, não encontro sobre a individualidade do
auctor do Poema Marianno, indicações mais amplas, em nem-um
dos escriptores e chronistas do século xvni que compulsei. A identidade
que ora se discute apenas tem contra si um argumento que
não é de fácil resposta: si Caldas Barboza seguiu para a Europa
depois de 1762, como podia compor o Poema que é de 1770, época
de sua residência em Lisboa ?