Historia da litteratura Espirito-Santense [microform]

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boletas noivando, faziam cantar no luar de prata, a sonoridade crys-
tallina dos beijos.
E toda uma harmonia de suspiros, de tremolos d'alma, de an-
ciãs, de ais, errava no ar.
Como um bysso distendia-se pela terra o clarão da lua, como
uma escumilha cingia os dois amantes.
Elles eram como que lubricamente despidos pela claridade.
Áquelle luar, como que feito do pó dos ossuarios, branco e
triste, tinham a volúpia faminta de vermes devorando de beijos o
cadáver daquelle amor.
No céo limpido, como uma charamella de oiro, cantava o bri-
lho de uma estreila, que, de desmaio em desmaio, talvez de ciúme,
se foi apagando no azul.
— Donatello! — rugiram cem boccas flammejantes de raiva e
o écho murmurou como que num amavio, no brando rumor de um
beijo : Donatello !
Fora bem a voz da rainha Stella que lhes respondera, elles o
sentiram.
Uma nuvem negra, velando a lua, fez mergulhar na sombra o
palácio do conde moço».
Para quem já uma vez leo o Elixir do Diabo^ ou os
Wilheim Hoffmann, o trecho
Contos Phantasticos de '
acima mencionado é uma pagina ao sahor dos que se
affeiçoaram á maneira do insigne novellista allemão.
Do que hei adduzido, ouso concluir que o moço es-
criptor dos Anathemas e de Jerusa^ terá o destaque que
lhe asseguram os seos dotes de fino estylista e analysta,
quando se desfizer das convenções do seo systema favorito,
isto é, quando for mais humano.
Aos satanistas^ têm inteira applicação estas sinceras
palavras endereçadas aos parnasistas e symbolisías^ por
um critico consciencioso, que em igoS brilhava nas columnas
do Figaro — Fernand Fregh; dizia elle e eu ado-
pto sem reserva as suas observações: