Pedagogia dos monstros - Apresentação
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Otto Rank. Ele tomou como ponto de partida um<br />
tema “casual e banal”: “um ‘drama romântico’ que não<br />
faz muito tempo andou pelos nossos cinemas”, o filme<br />
de Stellan Rye, O estudante de Praga. Rank especulou<br />
que a natureza do cinema pode permitir um acesso privilegiado<br />
tanto a “certos fatos e relações psicológicas”<br />
quanto ao “significado real de um tema antigo que se<br />
tornou ou ininteligível ou mal compreendido em seu<br />
curso através da tradição” (RANK, 1989, p. 3-4).<br />
Embora, ao examinar os filmes de horror e sua préhistória,<br />
eu partilhe do impulso pedagógico de Freud e<br />
de Rank, minhas prioridades são ligeiramente diferentes.<br />
Mostrei anteriormente como as redes de autoridade<br />
cultural intersubjetiva que constituem a nação-povo<br />
são instituídas através das rotinas e <strong>dos</strong> conhecimentos<br />
da educação, da literatura e da emissão radiofônica e<br />
televisiva. Enfatizei também que essas estruturas são<br />
sempre negociadas nas atividades de aprendizagem, leitura<br />
e escuta. Essa dinâmica faz com que as definições<br />
oficiais de “povo” sejam instáveis e ansiosas. Isto é, as<br />
fábricas de sonho não manufaturam apenas as últimas<br />
recreações racionais advogadas por Reith e Grierson,<br />
ou as compensações de uma satisfação de desejo moderadamente<br />
ilusória — como na denúncia da Escola de<br />
Frankfurt. Elas também disseminam instrutivos pesadelos<br />
de violência, incerteza e terror. Neste capítulo,<br />
complemento minha teoria da educação e do entretenimento<br />
compreendi<strong>dos</strong> como estratégias governamentais<br />
com uma história de me<strong>dos</strong> e terrores populares.<br />
Uma das lições desta história pode ser simplesmente<br />
a de que a persistência de fábulas populares sobre vampiros,<br />
duplos, golens e ciborgues dá peso à idéia de que<br />
a subjetividade é dividida e de que a identificação é um