Pedagogia dos monstros - Apresentação
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É nessa confusão “entre vida e morte”, sugere Cixous,<br />
que a castração adquire sua importância:<br />
É o corte e também o outro eu do homem enterrado<br />
vivo: um pouco demais de morte na vida; um<br />
pouco demais de vida na morte, na convergente<br />
intersecção. Não há como recorrer a um dentro/<br />
fora. Está-se lá permanentemente. Não há como<br />
passar de um termo para o outro. Portanto, o horror:<br />
você pode estar morto enquanto vive, você<br />
pode estar num estado duvi<strong>dos</strong>o (CIXOUS, 1976).<br />
O SUBLIME<br />
Esse sentimento de estar num estado duvi<strong>dos</strong>o conecta<br />
o estranho não apenas com o fantástico de Todorov,<br />
mas também com a idéia do sublime. O sublime<br />
também envolve incerteza e vertigem: Isto pode ser verdade?<br />
Isto desafia a imaginação! Alguns críticos têm<br />
sugerido, portanto, que em “O estranho”, Freud deparou-se<br />
com uma psicologia parcial do sublime: parcial<br />
porque ele tenta exercer seu controle sobre o<br />
sublime, reduzindo o estranho a um complexo infantil<br />
e/ou arcaico (cf. BLOOM, 1982).<br />
O que distingue, pois, o sublime do fantástico e<br />
do estranho? O ponto de partida usual para tentativas<br />
de se entender o sublime, ao menos nas formas<br />
pós-iluministas, é Edmund Burke. Ele não apenas esboçou<br />
a distinção crucial entre o belo e o sublime,<br />
mas também insistiu que o sublime é uma teoria do<br />
terror: “o terror é, em todo e qualquer caso, ou mais<br />
abertamente ou mais latentemente, o princípio orientador<br />
do sublime” (BURKE, 1958, p. 58). O sublime<br />
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