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Pedagogia dos monstros - Apresentação

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O segundo problema com esta generalização de uma<br />

prática especializada de formação do sujeito é que ela<br />

continua a jogar com noções filosóficas de consciência.<br />

A problematização do sujeito da consciência feita<br />

por Donald, através da insistência nas suas condições<br />

inconscientes, não impede o retorno do sujeito como<br />

a forma geral de conduta humana. Isto ocorre porque<br />

o papel da repressão e do inconsciente consiste em<br />

trazer o sujeito à luz, através da encenação de “representações”<br />

que evocam a subjetividade como “agência<br />

consciente, intencional, autônoma...”. Mas esta<br />

noção de que todas as capacidades e atributos individuais<br />

estão, de algum modo, funda<strong>dos</strong> na consciência<br />

— encena<strong>dos</strong> ou não — aparece agora como uma vulgar<br />

e exagerada extensão de uma prática particular de<br />

cultivação ética e filosófica.<br />

Mauss (1973), por exemplo, argumenta que toda<br />

uma gama de atributos e habilidades corporais (estilos<br />

de andar, nadar, cuspir, dançar, dormir) é adquirida através<br />

da inculcação direta e da imitação de “técnicas do<br />

corpo”, técnicas que não são nem racionalmente controladas<br />

pela “mente” nem a ela apresentadas na forma<br />

de representações inconscientes. Não se trata de que<br />

“fracassamos em conhecer” essas técnicas; trata-se do<br />

fato de que caem no âmbito de uma esfera da existência<br />

— “imitação prestigiosa”, o treinamento <strong>dos</strong> jovens<br />

— não governada por aquelas práticas (verificação, desconfirmação)<br />

que nós chamamos de “conhecimento”.<br />

Tampouco é esta observação confinada a aptidões corporais.<br />

Wittgenstein (1978, p. 35-8) apresenta um argumento<br />

comparável com respeito às habilidades<br />

aritméticas. “Pensar” no próximo número na expansão<br />

de uma série de números não é o resultado de uma<br />

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