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Pedagogia dos monstros - Apresentação

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instável. Segue sem cessar a interrogação que os desloca,<br />

ou seja, o declive do movimento das pulsões que<br />

conduz naturalmente ao monstro, último ponto de<br />

referência do Outro, com uma forma tão nítida e estável<br />

como era a sua iconografia.<br />

É verdade que a tradição das raças monstruosas na<br />

periferia do mundo age influenciando o olhar, mas<br />

não deixa de seguir a tendência mais fácil, mais “lógica”,<br />

pois o monstro não é senão a “desfiguração” última<br />

do Mesmo no Outro.<br />

É o Mesmo transformado em quase-Outro, estrangeiro<br />

a si próprio. É uma demência do corpo, uma<br />

loucura da carne.<br />

É no quadro de um tal sistema da alteridade (mais<br />

suposto que explícito) que procurámos compreender<br />

a função da monstruosidade, desde os fins da Idade<br />

Média até ao princípio do século XVII. A ambição<br />

deste pequeno ensaio3 é apenas procurar saber a razão<br />

pela qual os <strong>monstros</strong> sempre fascinaram os homens.<br />

A fenomenologia da monstruosidade é sempre acompanhada<br />

pela apresentação de textos, de Santo Agostinho<br />

a Descartes, da viagem fictícia de Mandeville<br />

aos contos populares.<br />

Põe-se uma questão fundamental: qual é a função do<br />

monstro no pensamento simbólico? Mais precisamente:<br />

o que é que se pensa quando se pensa na monstruosidade?<br />

Definimos uma lógica a partir das crenças nos <strong>monstros</strong>,<br />

entre o simbólico e o real, que vemos aplicada a<br />

propósito das raças fabulosas da Idade Média e da união<br />

da alma e do corpo em Descartes. O monstro é pensado<br />

como uma aberração da “realidade” (a monstruosidade<br />

é um excesso de realidade) a fim de induzir, por

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