Pedagogia dos monstros - Apresentação
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crescentemente poderosas, o governo era exercido através<br />
de uma gama diversificada de instrumentos por<br />
detrás <strong>dos</strong> quais não havia nenhuma vontade soberana<br />
única nem uma racionalidade moral ou intelectual<br />
unificadora. Esses instrumentos políticos — sistemas<br />
de administração econômica e organização militar,<br />
escolarização estatal, sistemas de saúde e assistência<br />
pública — eram de origem diversificada e vinham<br />
acompanha<strong>dos</strong> de suas próprias formas de expertise e<br />
imperativos éticos. Portanto, antes que expressar a<br />
vontade do Estado absoluto ou de seu governante,<br />
eles o colonizavam, em nome de uma gama de saberes<br />
e imperativos políticos. Foucault descreve a nova<br />
paisagem de governo desta forma:<br />
O governo é definido como a forma correta de dispor<br />
das coisas de modo a levar não à forma do bem<br />
comum, como pretenderiam os textos <strong>dos</strong> juristas,<br />
mas a um fim que é “conveniente” para cada uma<br />
das coisas que devem ser governadas. Isto implica<br />
uma pluralidade de objetivos específicos: por exemplo,<br />
o governo terá que assegurar que a maior quantidade<br />
possível de riqueza seja produzida, que o povo<br />
tenha os meios suficientes de subsistência, que a população<br />
seja capaz de se multiplicar, etc. Há toda<br />
uma série de finalidades específicas, pois, que se tornam<br />
o objetivo do governo como tal. (FOUCAULT,<br />
1991, p. 95)<br />
Além disso, uma vez que o Estado governamental<br />
não era nada mais do que este amálgama de instrumentos<br />
políticos bastante falíveis — instrumentos<br />
que tinham que ser funda<strong>dos</strong>, administra<strong>dos</strong> e manti<strong>dos</strong><br />
sob as contingências da guerra civil, as flutuações<br />
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