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Pedagogia dos monstros - Apresentação

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na vida, a ameaça ocorre quando um não-branco deixa<br />

a reserva na qual ele tinha sido abandonado; Wright<br />

imagina o que ocorre quando o horizonte da narrativa<br />

está bem estabelecido, e sua conclusão — surgida da<br />

Salém do século XVII, da Inglaterra medieval e da<br />

América do século XIX — é que as reais circunstâncias<br />

da história tendem a se desvanecer quando se pode proporcionar<br />

uma narrativa de miscigenação.<br />

O monstro é transgressivo, demasiadamente sexual,<br />

perversamente erótico, um fora-da-lei: o monstro<br />

e tudo o que ele corporifica devem ser exila<strong>dos</strong><br />

ou destruí<strong>dos</strong>. O reprimido, entretanto, como o próprio<br />

Freud, parece sempre retornar.<br />

TESE VI:<br />

O MEDO DO MONSTRO<br />

É REALMENTE UMA ESPÉCIE DE DESEJO<br />

Para que possa normalizar e impor o monstro está<br />

continuamente ligado a práticas proibidas. O monstro<br />

também atrai. As mesmas criaturas que aterrorizam e<br />

interditam podem evocar fortes fantasias escapistas; a<br />

ligação da monstruosidade com o proibido torna o monstro<br />

ainda mais atraente como uma fuga temporária da<br />

imposição. Esse movimento simultâneo de repulsão e<br />

atração, situado no centro da composição do monstro,<br />

explica, em grande parte, sua constante popularidade<br />

cultural, explica o fato de que o monstro raramente<br />

pode ser contido em uma dialética simples, binária (tese,<br />

antítese... nenhuma síntese). Nós suspeitamos do monstro,<br />

nós o odiamos ao mesmo tempo que invejamos<br />

sua liberdade e, talvez, seu sublime desespero.

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