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Pedagogia dos monstros - Apresentação

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74<br />

Meister aprende em suas atribulações biográficas é a<br />

fazer escolhas que jogam a autenticidade do eu contra<br />

as exigências da convenção. 4 Esta narrativa do Bildungsroman<br />

não apenas refletia uma nova experiência, a<br />

de aprender a viver com a incerteza e a vulnerabilidade,<br />

transformando-as em capacidade para a re-criação<br />

e a autocriação, mas também disseminava as categorias<br />

da autenticidade e da convenção, do eu e da sociedade,<br />

da criatividade e da compulsoriedade, as quais<br />

iriam produzir os termos de um novo modo de conduta,<br />

de uma nova relação do eu consigo mesmo.<br />

Foi em torno dessas novas oposições que o Bildungsroman<br />

dividiu-se em duas vertentes principais.<br />

As novelas mais conservadoras enfatizavam o grau de<br />

sucesso na adaptação do eu às normas sociais e aos<br />

confortos da civilização bem como o preço da modernidade<br />

representado pela perda de estabilidade, autoridade<br />

e comunidade. Formalmente, estas novelas<br />

tendem a enfatizar o fechamento da narrativa. Freqüentemente,<br />

a obtenção da integração social e a resolução<br />

da trama são apresentadas através da figura<br />

do casamento, de preferência unindo a aristrocracia e<br />

a burguesia. No casamento de Elizabeth Bennett com<br />

Darcy, em Orgulho e preconceito, de Jane Austen, por<br />

exemplo, os termos do contrato social são claramente<br />

traduzi<strong>dos</strong> em vínculos de amor e obrigação mútuos.<br />

As novelas mais radicais e românticas — as de Stendhal<br />

e Pushkin, por exemplo, ou a vertente que vai de<br />

Balzac a Flaubert — valorizam a possibilidade da transformação<br />

pessoal às custas das exigências do social.<br />

Elas celebram a juventude e não a maturidade, a experimentação<br />

e não a estabilidade, a liberdade e não a<br />

felicidade. Por não forçarem to<strong>dos</strong> os eventos de uma

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