Pedagogia dos monstros - Apresentação
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Meister aprende em suas atribulações biográficas é a<br />
fazer escolhas que jogam a autenticidade do eu contra<br />
as exigências da convenção. 4 Esta narrativa do Bildungsroman<br />
não apenas refletia uma nova experiência, a<br />
de aprender a viver com a incerteza e a vulnerabilidade,<br />
transformando-as em capacidade para a re-criação<br />
e a autocriação, mas também disseminava as categorias<br />
da autenticidade e da convenção, do eu e da sociedade,<br />
da criatividade e da compulsoriedade, as quais<br />
iriam produzir os termos de um novo modo de conduta,<br />
de uma nova relação do eu consigo mesmo.<br />
Foi em torno dessas novas oposições que o Bildungsroman<br />
dividiu-se em duas vertentes principais.<br />
As novelas mais conservadoras enfatizavam o grau de<br />
sucesso na adaptação do eu às normas sociais e aos<br />
confortos da civilização bem como o preço da modernidade<br />
representado pela perda de estabilidade, autoridade<br />
e comunidade. Formalmente, estas novelas<br />
tendem a enfatizar o fechamento da narrativa. Freqüentemente,<br />
a obtenção da integração social e a resolução<br />
da trama são apresentadas através da figura<br />
do casamento, de preferência unindo a aristrocracia e<br />
a burguesia. No casamento de Elizabeth Bennett com<br />
Darcy, em Orgulho e preconceito, de Jane Austen, por<br />
exemplo, os termos do contrato social são claramente<br />
traduzi<strong>dos</strong> em vínculos de amor e obrigação mútuos.<br />
As novelas mais radicais e românticas — as de Stendhal<br />
e Pushkin, por exemplo, ou a vertente que vai de<br />
Balzac a Flaubert — valorizam a possibilidade da transformação<br />
pessoal às custas das exigências do social.<br />
Elas celebram a juventude e não a maturidade, a experimentação<br />
e não a estabilidade, a liberdade e não a<br />
felicidade. Por não forçarem to<strong>dos</strong> os eventos de uma