Pedagogia dos monstros - Apresentação
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comportamento interno que nós chamamos de “subjetividade”;<br />
mas, como Weber foi o primeiro a observar,<br />
eles são não tanto expressões elásticas do poder<br />
do Estado quanto os meios pelos quais uma disciplina<br />
especificamente religiosa foi incluída no repertório<br />
do governo. Se, pois, nosso comportamento como sujeitos<br />
é o resultado da disciplina, esta disciplina não é<br />
a forma pela qual o Estado programa a conduta total<br />
de seus cidadãos. Antes, é o meio pelo qual o governo<br />
equipa os indivíduos — sob circunstâncias específicas<br />
e em graus varia<strong>dos</strong> — com um modo altamente especializado<br />
de reflexão e prática ética, como um <strong>dos</strong> diversos<br />
atributos da cidadania.<br />
CONCLUSÃO<br />
É possível sugerir, portanto, que uma “política da<br />
subjetividade” será um empreendimento altamente especializado<br />
e recherché, tanto em sua clássica forma<br />
liberal-filosófica quanto — e talvez mais ainda — em<br />
sua variante dialética favorecida por Donald. O livro<br />
Sentimental education dá expressão a essa variante na<br />
forma de um populismo esotérico. Por um lado, como<br />
a imago coletiva do sujeito autoformativo, o povo é o<br />
produto <strong>dos</strong> objetivos nacionalistas e das tecnologias<br />
pedagógicas do Estado. Por outro lado, uma vez que<br />
esta subjetividade coletiva é também a superfície sobre<br />
a qual essas tecnologias perdem seu controle e deslizam<br />
para o inconsciente, o povo marca o ponto no<br />
qual o poder pode se tornar elástico à consciência que<br />
ele forma. É no movimento teórico entre essas duas<br />
posições — “a limiaridade disjuntiva desta negociação”<br />
— que Donald localiza “o processo de criar e<br />
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