Pedagogia dos monstros - Apresentação
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apenas negam a impossibilidade da educação e do governo;<br />
ao fazê-lo, elas também entregam aos pedagogos<br />
e aos filósofos ou aos líderes de partido a autoridade<br />
para definir o que é a natureza humana, possibilitandolhes,<br />
assim, impedir o diálogo necessário sobre (por exemplo)<br />
os propósitos da educação em uma democracia.<br />
Em vez de perseguir o perigoso sonho iluminista<br />
da virtude universal, faz mais sentido reviver a ênfase<br />
republicana na participação, na autonomia e nas obrigações<br />
cívicas — mas reformulando-as no conhecimento<br />
de que elas só podem ter efeito quando se movem através<br />
da cultura popular, quando são, de forma tenaz e,<br />
muitas vezes, perversa, encenadas nas artes inventivas<br />
da vida cotidiana. Meu objetivo é, portanto, questionar<br />
as fronteiras existentes da educação e perguntar<br />
como certas narrativas e categorias são instituídas como<br />
tendo autoridade. Ao perguntar quem tem autoridade<br />
sobre a educação, por exemplo, eu não tomaria os atores<br />
convencionais da política liberal — pais, filhos,<br />
emprega<strong>dos</strong>, parti<strong>dos</strong>, classes, governos — pelo seu<br />
valor aparente. Em vez disso, eu questionaria o modo<br />
como a encenação do diálogo político produz estas categorias<br />
como atores coletivos com interesses comuns:<br />
isto é, o modo como o terreno do debate educacional é<br />
constantemente feito e refeito. A limiaridade9 disjuntiva<br />
desta negociação é expressa de forma apropriada na<br />
descrição que Homi Bhabha faz do território contestado<br />
no qual o duplo papel do povo é encenado:<br />
O povo é o “objeto” histórico de uma pedagogia nacionalista,<br />
dando ao discurso uma autoridade que está<br />
baseada na origem ou no evento histórico pré-dado<br />
ou pré-constituído; o povo é também o “sujeito” de