Pedagogia dos monstros - Apresentação
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econômicas e as rivalidades militares — seus objetivos<br />
políticos não estavam, de forma alguma, automaticamente<br />
realiza<strong>dos</strong>. O governo não é, pois, nem<br />
unificado nem onipotente. Ele não se apresenta à política<br />
de oposição com uma única “lógica” à qual ela<br />
possa se opor nem com uma razão geral pela qual se<br />
opor a ela.<br />
Em terceiro lugar, como já observamos, o governo<br />
não era exercido “a partir de fora” sobre um sujeito<br />
unificado. Há duas questões a considerar a este respeito.<br />
Por um lado, uma vez que a agência humana não<br />
tem nenhuma forma (centrada no sujeito) geral e única,<br />
os instrumentos do governo relacionam-se com os<br />
indivíduos em uma variedade de mo<strong>dos</strong> que não dizem<br />
respeito às práticas da reflexão ética que associamos<br />
com a subjetividade. Já observamos que uma gama<br />
ampla de capacidades corporais e mentais é o resultado<br />
de mo<strong>dos</strong> não-subjetivos de formação e manutenção<br />
— inculcação direta, virtuosismo habitual, “imitação<br />
prestigiosa” — que são específicas àquela capacidade<br />
ou habitus particular. Não existe, assim, nenhum núcleo<br />
de ser a ser conquistado pelo Estado ou defendido<br />
pela consciência crítica ou radical.<br />
Por outro lado, onde os Esta<strong>dos</strong> têm tentado governar<br />
aquele modo de comportamento ético que identificamos<br />
com um sujeito — como eles o têm feito<br />
naqueles setores da escolarização estatal preocupa<strong>dos</strong><br />
com o treinamento moral — eles têm dependido de<br />
instrumentos toma<strong>dos</strong> de empréstimo das disciplinas<br />
da orientação espiritual e do cuidado pastoral religioso.<br />
Esses instrumentos — de autopreocupação ética e<br />
autoformação — são, na verdade, responsáveis pelo