Pedagogia dos monstros - Apresentação
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repressão, a alienação e o auto-engano impostos ao<br />
eu pelas exigências de uma virtude socialmente prescrita.<br />
Quando ele esboça sua própria versão da boa<br />
sociedade no panfleto “anônimo” incorporado à Filosofia<br />
na alcova, ele se opõe radicalmente ao republicanismo<br />
austero e duro de Rousseau. O panfleto “Um<br />
esforço mais, franceses, se quereis vos tornar republicanos”<br />
imagina um estado mínimo que prepararia o<br />
palco para uma anarquia libidinal.<br />
GOVERNO<br />
Naturalmente, a reflexão de Sade sobre a natureza,<br />
o desejo e a agência e sobre o movimento entre<br />
eles não é mais definitivo do que a de Rousseau ou a<br />
de Wollstonecraft. Ao colocar as categorias normativas<br />
e as narrativas da educação iluminista tão profundamente<br />
em questão, entretanto, a pedagogia<br />
pornográfica de Sade fornece um contraste útil contra<br />
o qual se pode examinar as técnicas de escolarização<br />
pública e de massa que emergiram nos séculos XIX e<br />
XX. Essas técnicas têm, persistentemente, tentado moldar<br />
as crianças de acordo com seus (da sociedade) padrões,<br />
por meio de disciplinas que pretendem, como o<br />
Tutor de Rousseau e o Dolmancé de Sade, não apenas<br />
compreender a natureza da criança, mas ser capazes de<br />
emancipá-la. Elas seguem Rousseau mais do que Sade,<br />
entretanto, ao sugerir que esse processo recuperará para<br />
a sociedade civil as virtudes de seu incorrompido estado.<br />
E elas têm seguido os filósofos românticos, ao propor<br />
técnicas de autoformação e automonitoramento,<br />
baseadas no ideal da auto-expressão no interior de um<br />
ambiente moralmente administrado.