Pedagogia dos monstros - Apresentação
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da confrontação moral. Este é seu aspecto pedagógico.<br />
Para Kant, o que é sublime não é o vasto ou o<br />
poderoso objeto, mas a inclinação mental supra-sensível<br />
que nos permite lidar com ele. 2<br />
Kant descartou a possibilidade de os produtos do<br />
artifício humano serem considera<strong>dos</strong> como fontes do<br />
sublime, talvez porque a arte poderia implicar a estetização<br />
do sublime e, portanto, sua contenção. Já<br />
em Kant, o sublime era aquilo que resiste à tendência<br />
— inerente à idéia do belo — a um sistema fechado,<br />
definitivo. Este argumento foi retomado por<br />
pessoas como Schiller e Kleist, que viam o meramente<br />
belo (e a verdadeira antítese do sublime, o kitsch)<br />
como conspirando com o mundo sem valor da modernidade<br />
burguesa para dar uma máscara de ordem<br />
e valor à sua desordem real. Por isso o monstruoso<br />
— juntamente com o terror, a barbárie e a tirania —<br />
continua a aparecer na arte do sublime do século XIX<br />
como uma tática de transgressão das ilusões compensatórias<br />
da beleza, da graça e da razão.<br />
Há uma história complexa que vai de Kant, passando<br />
por Schiller, Schelling e Hegel até Schopenhauer<br />
(para quem o sublime significava a Vontade<br />
contemplando a si mesma) e, finalmente, até à distinção<br />
de Nietzsche entre o apolíneo e o dionísiaco<br />
na arte. Antes de perseguir essa história, até chegar à<br />
formulação de Lyotard de um sublime pós-moderno,<br />
quero esboçar minha outra história do sublime,<br />
que passa não pela Razão, pelo Romance e pela Filosofia,<br />
mas por uma rota mais barata e mais vulgar.<br />
A jogada inicial aqui se dá com o romance gótico<br />
(onde, naturalmente, encontramos, outra vez, o vampiro).<br />
Como o sublime, o gótico tenta provocar temor<br />
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