Pedagogia dos monstros - Apresentação
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da de outros analistas pós-foucaultianos das tecnologias<br />
culturais, tais como Ian Hunter e Nikolas Rose.<br />
Para esses autores, parece, às vezes, que os indivíduos<br />
agem como autômatos, simplesmente representando<br />
os papéis que foram escritos para eles. Eis aqui como<br />
Hunter descreve a formação — numa pedagogia kleiniana<br />
— de professores iniciantes de Língua Inglesa:<br />
“este é o modo pelo qual o estudante internaliza a função<br />
da própria vigilância moral: encontrando nele próprio<br />
as onerosas antinomias éticas e começando, a partir<br />
disso, a moldar um eu ‘equilibrado’, que é a condição<br />
para moldar os eus alheios” (HUNTER, 1988, p. 150)<br />
Ou, então, numa outra passagem, referindo-se a um<br />
método progressista mais antigo de ensino de Língua<br />
Inglesa: “Através de técnicas adaptativas, pouco diferentes<br />
daquelas que Donzelot isolou na Psicologia<br />
moderna, a pedagogia literária possibilita que as normas<br />
sociais emerjam como desejos pessoais e que os desejos pessoais<br />
tornem-se o interesse em jogo no processo de regulação<br />
social” (HUNTER, 1988, p. 125). Ou vejamos,<br />
ainda, Nikolas Rose falando sobre a família:<br />
A família privada moderna continua intensivamente<br />
governada. Ela está vinculada — sob muitas formas<br />
— com objetivos sociais, econômicos e políticos. Mas<br />
o governo age, aqui, não através de mecanismos de<br />
controle social e subordinação da vontade, mas através<br />
da promoção de subjetividades, da construção de<br />
prazeres e ambições e da ativação da culpa, da ansiedade,<br />
da inveja e da frustração. As novas tecnologias<br />
relacionais da família estão instaladas dentro de nós,<br />
estabelecendo uma forma psicológica particular de ver<br />
nossas vidas em família e de falar sobre elas, exigindo<br />
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