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Pedagogia dos monstros - Apresentação

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conjurar a ameaça das forças monstruosas ou não-naturais.<br />

“O declínio do pensamento contemporâneo tem<br />

sido acelerado pelo nebuloso fantasma do socialismo”,<br />

afirmou Margaret Thatcher em 1976. Dois anos mais<br />

tarde veio uma de suas mais famosas afirmações: “O<br />

caráter britânico fez tanto pela democracia, pela lei, e fez<br />

tanto ao redor do mundo que se existe qualquer ameaça<br />

de que ele possa ser soterrado, o povo irá reagir”. Depois da<br />

greve os mineiros em 1984/5, eles — e as pessoas e os<br />

grupos que os apoiavam — tornaram-se os inimigos<br />

na trincheira. Nesses casos, sugere Jacqueline Rose,<br />

Thatcher estava repetindo “um <strong>dos</strong> tropos psíquicos<br />

fundamentais do fascismo, que encena essa estrutura<br />

de agressividade, dando nome e lugar ao adversário<br />

invisível que é uma parte inerente dele”. Outros analistas<br />

também se detiveram nesse tema. Em 1984, após<br />

os bombardeamentos de Brighton, Sarah Benton comentou,<br />

no New Statesman, sobre o lado sombrio da fé<br />

do Partido Conservador na comunidade nacional: “Esta<br />

crença só pode vir da coerência da exorcização do Alienígena,<br />

uma força cuja forma você nunca vê, mas que<br />

espreita em todo espaço pouco iluminado pronta para<br />

destruí-lo; e é incubada, de forma desapercebida, no<br />

insalubre corpo político” (BENTON, apud ROSE, 1988/<br />

9, p. 27). Para Laura Mulvey (1987, p. 5), a narração<br />

oficial da greve <strong>dos</strong> mineiros era mais ambivalente, mas<br />

ainda monstruosa: “Como o monstro de Frankenstein,<br />

os mineiros lutavam pelo controle de sua própria estória,<br />

e como o monstro, eram representa<strong>dos</strong> simultaneamente<br />

como o mal e o trágico”. E Michael Rogin<br />

colocou a visão do mundo de Ronald Reagan no contexto<br />

de uma história de “demonologia” e “contra-subversão”<br />

na política estadunidense:<br />

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