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Pedagogia dos monstros - Apresentação

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ajudam a definir as fronteiras da comunidade, e fábulas<br />

de terror e horror propiciam, sem dúvida, algum tipo<br />

de “defesa” contra a violência que está na raiz do vínculo<br />

sociosimbólico. Mas o reconhecimento de que esses<br />

fenômenos possam constituir pistas para aspectos negligencia<strong>dos</strong><br />

ou insuspeita<strong>dos</strong> da vida cultural e subjetiva<br />

significa necessariamente que eles devem também<br />

ou reproduzir ou subverter as relações capitalistas ou<br />

patriarcais ou quaisquer outras relações? O ajuste que<br />

se pressupõe existir entre o psíquico, o histórico e o<br />

“mítico” parece ser uma explicação demasiadamente nítida<br />

para uma área tão confusa. Ao apresentar o Outro<br />

como uma ameaça à identidade, por exemplo, Jameson<br />

ignora a necessidade da existência de um Outro que<br />

possa definir os termos e os limites da identidade. A<br />

afirmação “qualquer coisa que seja radicalmente diferente<br />

de mim” essencializa tanto o eu quanto o outro.<br />

A imagem de um eu aparentemente coerente a reprimir<br />

o irracional, o mal, o diferente, nega a fragmentação<br />

da subjetividade que é uma conseqüência das<br />

próprias idéias de repressão e inconsciente.<br />

O que parece estar faltando nessas teorizações é alguma<br />

concepção de fantasmagoria — aquela desorientação<br />

da percepção que Tzvetan Todorov identifica<br />

como a chave para o “fantástico” literário:<br />

Em um mundo que é, de fato, nosso mundo, aquele<br />

que conhecemos, um mundo sem demônios, sílfides<br />

ou vampiros, ocorre um evento que não pode ser explicado<br />

pelas leis desse mesmo e familiar mundo. A<br />

pessoa que experimenta o evento deve optar por uma<br />

dentre duas possíveis soluções: ou ser a vítima de uma<br />

ilusão <strong>dos</strong> senti<strong>dos</strong>, de um produto da imaginação e,<br />

neste caso, as leis do mundo continuam, então, sendo

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