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Pedagogia dos monstros - Apresentação

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para a análise do cinema é que o fantástico exige que o<br />

leitor (ou o espectador) funcione em um registro de<br />

incerteza cognitiva. Isso se aplica perfeitamente a um<br />

filme como O vampiro, de Carl-Theodor Dreyer (1931).<br />

Ao jogo de alternância entre tomadas feitas a partir de<br />

um ponto de vista e tomadas “impessoais”, ele acrescenta<br />

uma terceira e desconcertante perspectiva, na qual<br />

a câmera parece deslocar-se de um modo arbitrário e<br />

agir como um observador não-identificado e sem motivação.<br />

Hesitações similares podem ocasionalmente<br />

ser encontradas em filmes mais populares — o filme<br />

Cat people (A marca da pantera), de Val Lewton e Jacques<br />

Tourneur, utiliza uma variedade de dispositivos<br />

cinemáticos para manter a audiência tentando adivinhar<br />

se a heroína realmente se transforma em uma<br />

gata selvagem ou se seu comportamento pode ser explicado<br />

psicologicamente como sendo o efeito de uma<br />

sexualidade reprimida —, mas como regra os filmes<br />

de horror populares aderem firmemente às convenções<br />

da verissimilitude cinemática. Além disso, embora<br />

Todorov sugira que as fábulas fantásticas do<br />

século XIX representavam a “má consciência dessa era<br />

positivista”, seu foco nas características e nas técnicas<br />

formais tende a deixar sem resposta muitas das questões<br />

sobre “história” e sobre “ideologia”. 1<br />

É possível combinar a ênfase de Todorov nos mecanismos<br />

textuais da incerteza e na “fragilidade <strong>dos</strong> limites”<br />

no proceso de “multiplicação da personalidade”<br />

com a preocupação mais materialista que Moretti e<br />

Wood têm com a especificidade histórica de personagens<br />

monstruosas? Em um ensaio sobre a mobilidade<br />

social e o fantástico no cinema mudo alemão, Thomas<br />

Elsaesser (1989) argumenta que a história não é

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