Pedagogia dos monstros - Apresentação
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outros atributos positivos sem sujeitá-los às técnicas da<br />
problematização ética interna. Pelo mesmo argumento,<br />
existe, de fato, um sujeito da sexualidade (ocidental),<br />
mas esta conduta interna especial não é a base de nossas<br />
outras capacidades, e trata-se de uma contingência<br />
histórica que nossos eus internos não estejam organiza<strong>dos</strong><br />
em torno da dieta.<br />
Em outras palavras, é possível tratar os atributos<br />
humanos como resulta<strong>dos</strong> de uma série de “técnicas<br />
de viver” e formas de cálculo. Os indivíduos e os grupos<br />
adquirem vários desses atributos — andar de bicicleta,<br />
dançar, álgebra, alfabetismo, cuspir — não<br />
como condições de representar o mundo mas como o<br />
resultado bruto de seu habitus ou modo de vida. E se a<br />
capacidade de se conduzir a si próprio como o “sujeito”<br />
de seus pensamentos e ações — e, na verdade, de<br />
problematizar a si próprio ao tratar o último como “inconsciente”<br />
e, portanto, como necessitando um trabalho<br />
reflexivo — fosse diretamente comparável a esses<br />
atributos positivos? Se assim fosse, poderíamos suspeitar,<br />
então, que esta capacidade era, ela própria, o produto<br />
de técnicas éticas especiais, com uma distribuição<br />
específica (como pode ser visto na formação de estratos<br />
de padres, intelectuais e outros virtuosi éticos). A<br />
peculiaridade da cultura ética ocidental moderna,<br />
como argumentaram tanto Mauss quanto Weber, está<br />
no fato de que esta distribuição de sujeit-alidade foi<br />
ampliada para incluir populações nacionais, a princípio<br />
através da pedagogia protestante e, depois, através<br />
da escolarização estatal. Ainda assim, apesar dessa<br />
importante extensão social <strong>dos</strong> meios de interiorização,<br />
ser um sujeito significa ter dominado uma conduta<br />
particular de vida; não é algo que to<strong>dos</strong> os indivíduos<br />
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