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Pedagogia dos monstros - Apresentação

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26<br />

Vivemos em uma época que corretamente renunciou<br />

à Teoria Unificada, uma época na qual nos<br />

damos conta de que a história (tal como a “individualidade”,<br />

a “subjetividade”, o “gênero”, a “cultura”) é<br />

composta de uma variedade de fragmentos e não de<br />

inteiros epistemológicos sem rachaduras ou imperfeições.<br />

Alguns fragmentos serão aqui recolhi<strong>dos</strong> e<br />

temporariamente cola<strong>dos</strong> para formar uma rede frouxamente<br />

integrada — ou, melhor, um híbrido inassimilado,<br />

um corpo monstruoso. Em vez de desenvolver<br />

uma “teoria da teratologia”, eu lhes apresento um conjunto<br />

de postula<strong>dos</strong> desmembráveis de momentos<br />

culturais específicos. Apresento-lhes sete teses, para<br />

que comecemos a compreender as culturas por meio<br />

<strong>dos</strong> <strong>monstros</strong> que elas geram.<br />

TESE I:<br />

O CORPO DO MONSTRO<br />

É UM CORPO CULTURAL<br />

Vampiros, enterro, morte: enterre o cadáver onde a<br />

estrada se bifurca, de modo que quando ele se erguer do<br />

túmulo não saberá que caminho tomar. Crave uma estaca<br />

em seu coração: ele ficará pregado ao chão no ponto<br />

de bifurcação, ele assombrará aquele lugar que leva a<br />

muitos outros lugares, aquele ponto de indecisão. Decapite<br />

o cadáver, de forma que, acéfalo, ele não se reconheça<br />

como sujeito, mas apenas como puro corpo.<br />

O monstro nasce nessas encruzilhadas metafóricas,<br />

como a corporificação de um certo momento cultural<br />

— de uma época, de um sentimento e de um lugar. 1<br />

O corpo do monstro incorpora — de modo bastante

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