Pedagogia dos monstros - Apresentação
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Isto leva a uma inescapável ambivalência no próprio<br />
argumento de Donald. Ao discutir o papel do<br />
governo na atribuição de agência e no aumento de capacidades,<br />
Donald descortina algumas importantes questões<br />
e exibe um refrescante ceticismo com respeito aos<br />
temas da “emancipação” e do “fortalecimento de poder”<br />
[empowerment]. A seguinte passagem é representativa<br />
<strong>dos</strong> reais pontos fortes do livro a este respeito:<br />
(...) a cidadania nas democracias modernas pode ser<br />
compreendida como um repertório de atributos realiza<strong>dos</strong><br />
através de tecnologias disciplinares e pastorais.<br />
As prisões, os hospitais, a fábrica, os benefícios<br />
sociais, até mesmo a sexualidade (assim como, naturalmente,<br />
as escolas e a comunicação de massa)<br />
corporficam os termos nos quais os indivíduos experienciam<br />
e encenam o social. São essas tecnologias<br />
e não a autoridade de direitos legalmente defini<strong>dos</strong><br />
que dão substância à cidadania e ao exercício da liberdade.<br />
Os direitos e responsabilidades deixam de<br />
ser atributos metafísicos da pessoa e surgem, em vez<br />
disso, como capacidades e habilidades socialmente<br />
conferidas. (p. 135)<br />
Ao mesmo tempo, entretanto, ao conceber o governo<br />
em termos da estruturação inconsciente da subjetividade,<br />
Donald é puxado irresistivelmente de volta<br />
ao tema do governo como intrinsecamente repressivo<br />
e ao tema da política como irrepressivelmente de oposição.<br />
Aqui os mecanismos governamentais assumem,<br />
uma vez mais, um aspecto totalitário familiar:<br />
Se minha descrição desta elaborada maquinaria moral<br />
[da escolarização estatal e do sistema público de<br />
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