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Pedagogia dos monstros - Apresentação

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podem mediar e transcender os dois impulsos, por<br />

meio do impulso para a ludicidade — uma ludicidade<br />

regulada pela tradição estética, de um modo muito<br />

similar àquele no qual o ambiente físico do menino<br />

era administrado pelo tutor de Emílio. Assim a autoridade<br />

cultural do Tutor estava corporificada nas próprias<br />

obras de arte. Se estudadas de forma apropriada,<br />

elas exigem — e, desta forma, inculcam — percepção,<br />

capacidade de discriminação e autocorreção. Embora o<br />

desenvolvimento desses atributos não represente um<br />

retorno à natureza no sentido de Rousseau, ele também<br />

aspira a um estado no qual a dissociação da sensibilidade<br />

produzida pelo social é curada — aqui<br />

através das técnicas harmonizantes da resposta estética<br />

(SCHILLER, apud HUNTER, 1988, p. 184-5, 79).<br />

Ao mesmo tempo que Goethe e Schiller estavam<br />

ampliando as idéias de Rousseau sobre juventude, educação<br />

e autoformação, outros estavam submetendoas<br />

a leituras mais subversivas. Em seu Vindication of<br />

the rights of woman (1792), por exemplo, Mary Wollstonecraft<br />

reformulava a análise da socialização e da<br />

cidadania de Rousseau, em uma tentativa de resgatar<br />

seu republicanismo para o feminismo. O grau de dificuldade<br />

do projeto fica evidente na descrição que<br />

Rousseau faz de Sofia como a companhia ideal para<br />

Emílio. “Sofia deveria ser tão verdadeiramente uma<br />

mulher quanto Emílio é um homem, isto é, ela deveria<br />

possuir todas aquelas características de seu sexo que são<br />

exigidas para que ela exerça sua parte na ordem física e<br />

moral” (ROUSSEAU, 1911, p. 321). Este papel — a natureza<br />

da mulher — é de dócil servilidade, impedindo-a<br />

de participar da vida política da comunidade.

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