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Pedagogia dos monstros - Apresentação

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Culturais. Antes de desenvolver este argumento, devo<br />

observar que — como um <strong>dos</strong> “pós-foucaultianos” tanto<br />

generosamente citado quanto gentilmente criticado por<br />

Donald — minhas próprias observações devem ser vistas<br />

mais como as observações de um interlocutor ativo<br />

do que as de um crítico distanciado.<br />

Tendo isto em mente, qual é o problema com a estratégia<br />

teórica central do livro? Na verdade, trata-se<br />

de um problema que ele tem em comum com a teoria<br />

dialética em geral: a crítica não pode escapar da órbita<br />

<strong>dos</strong> conceitos binários que ela busca problematizar<br />

porque a crítica não é nada mais que uma oscilação<br />

entre esses conceitos. Vimos, assim, que Donald questiona<br />

a noção do sujeito autoformativo, subordinando<br />

esta figura às tecnologias e aos objetivos governamentais.<br />

Mas ele problematiza, então, o lado governamental<br />

da equação ao insistir na autonomia do processo da<br />

formação do sujeito; isto é, ao afirmar que se trata de<br />

um processo inconsciente, resistente às estratégias e<br />

normas de aparatos como o do sistema educacional.<br />

Cada termo é, assim, temporariamente colocado em<br />

suspensão, enquanto sua contraparte é afirmada e, depois,<br />

reafirmada, à medida que o pêndulo da crítica<br />

inverte seu balanço. O resultado desse movimento<br />

teórico é que nenhum <strong>dos</strong> la<strong>dos</strong> do binarismo — nem<br />

a noção do sujeito autoformativo nem o do estado<br />

determinador do sujeito — é decisivamente criticado<br />

ou permanentemente descartado. Pelo contrário, na crítica<br />

dialética, a problematização de um conceito é sempre<br />

um prelúdio para sua reafirmação, à medida que,<br />

com a inversão no eixo da crítica, o dúbio conceito<br />

assume sua vez como a base auto-evidente para uma<br />

outra rodada de problematização. A dúvida radical e a<br />

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