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Pedagogia dos monstros - Apresentação

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satisfeitos apenas ao preço da destruição daquela<br />

mesma socialização que a família deve realizar<br />

(ROSE, 1990, p. 201-2).<br />

Se não existe qualquer eu que seja prévio às operações<br />

da maquinaria social, de onde, então, vêm esses<br />

desejos transgressivos? O que existe, aí, para fazer a<br />

maquinaria funcionar mal? Ou o problema só se apresenta<br />

desta forma porque Rose silenciosamente reintroduz<br />

um eu pré-formado como o alvo necessário<br />

sobre o qual a maquinaria age — “as novas tecnologias<br />

da família estão instaladas dentro de nós”?<br />

Um caminho para sair dessa dificuldade consiste<br />

em tomar sua “distância entre a normalidade e a realidade”<br />

e repensá-la como uma divisão, como um processo<br />

pelo qual diferentes desejos, condutas e destinos<br />

são codifica<strong>dos</strong> como uma divisão entre o lícito e o<br />

ilícito, o normal e o marginal, o sadio e o patológico.<br />

Isto sugere que a produção do eu não atua através do<br />

incitamento de desejos. Em vez disso, as normas e as<br />

proibições instituídas no interior das tecnologias sociais<br />

e culturais são involucradas [dobradas] no inconsciente<br />

de modo que elas “emergem” não apenas como “desejos<br />

pessoais” mas em uma dinâmica complexa e<br />

imprevisível de desejo, culpa, ansiedade e deslocamento.<br />

Os sujeitos têm desejos que eles não querem ter;<br />

eles os rejeitam ao custo da culpa e da ansiedade. Os<br />

sujeitos são, assim, separa<strong>dos</strong> de desejos que permanecem<br />

incita<strong>dos</strong> mas não realiza<strong>dos</strong>. É apenas na separação<br />

ou divisão que acompanha a interiorização de<br />

normas e na repressão de desejos incita<strong>dos</strong>-mas-proibi<strong>dos</strong><br />

que a consciência e o ego são forma<strong>dos</strong>. Esta<br />

criação do inconsciente através da repressão é, assim,<br />

também o momento de individuação que possibilita a

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