Pedagogia dos monstros - Apresentação
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(...) o potencial do sistema para diferir de sua própria<br />
diferença; em outras palavras, não ser diferente<br />
de forma alguma, deixar de existir como um<br />
sistema... A diferença que existe fora do sistema é<br />
aterradora porque ela revela a verdade do sistema,<br />
sua relatividade, sua fragilidade e sua mortalidade...<br />
Apesar do que é dito ao nosso redor, os perseguidores<br />
não estão nunca obceca<strong>dos</strong> com a diferença<br />
mas, antes, com seu impronunciável contrário: a<br />
falta de diferença (GIRARD, 1986, p. 21-22).<br />
Ao revelar que a diferença é arbitrária e flutuante,<br />
que ela é mutável antes que essencial, o monstro ameaça<br />
destruir não apenas os membros individuais de uma<br />
sociedade, mas o próprio aparato cultural por meio do<br />
qual a individualidade é constituída e permitida. Por<br />
ser um corpo ao longo do qual a diferença tem sido<br />
repetidamente escrita, o monstro (como a criatura de<br />
Frankenstein, aquela combinação de estranhos pedaços<br />
somáticos costura<strong>dos</strong> a partir de uma comunidade<br />
de cadáveres) busca seu autor para exigir sua raison d’être<br />
— e para servir de testemunha ao fato de que ele poderia<br />
ter sido construído como um Outro. Godzilla esmagou<br />
Tóquio; Girard liberta-o, aqui, para fragmentar<br />
a delicada matriz <strong>dos</strong> sistemas relacionais que unem<br />
todo corpo privado ao mundo público.<br />
TESE V:<br />
O MONSTRO POLICIA<br />
AS FRONTEIRAS DO POSSÍVEL<br />
O monstro resiste à sua captura nas redes epistemológicas<br />
do erudito, mas ele é algo mais do que um