Pedagogia dos monstros - Apresentação
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Poderá Lyotard escapar tão facilmente da cadeia<br />
das normas? Seu “desejo por justiça” não implica,<br />
ele próprio, uma aceitação das regras, das leis e da<br />
ordem? Ele argumenta que não porque habita uma<br />
paisagem política de gêneros-discursos separa<strong>dos</strong> entre<br />
si por abismos. Neste contexto, quaisquer reivindicações<br />
por consenso ou identidade — como a<br />
estética da beleza ou a política do utopismo — constituem<br />
não apenas uma totalização indevida, mas uma<br />
forma de totalitarismo. E, contudo, reconhece Lyotard,<br />
apesar da ausência de normas universais ou critérios<br />
consensuais de julgamento, temos que agir<br />
politicamente para fazer escolhas críticas. É nesse desencantado<br />
desejo por justiça que o argumento estético<br />
de Lyotard adquire sua força política. O sublime<br />
sugere uma forma de cobrir a distância entre o estético<br />
e o histórico-político: se o sublime reside menos<br />
na obra de arte que na especulação sobre ela,<br />
então ele pode se tornar um modelo para o julgamento<br />
político. Se o pensamento estético é caracterizado<br />
pela necessidade de julgar, na ausência de leis<br />
determináveis, e se Lyotard está correto na afirmação<br />
de que não existem quaisquer leis determináveis,<br />
seja na ética, seja na política, então a questão da autoridade<br />
para o cálculo nessas esferas torna-se, ela<br />
própria, o nó do problema.<br />
O sublime indica, pois, uma tensão entre a alegria<br />
do sentimento da totalidade e a inseparável tristeza da<br />
incapacidade de apresentar um objeto igual à Idéia<br />
daquela totalidade. Os termos nos quais Lyotard lida<br />
com este problema deriva do tratamento que Kant dà<br />
à comunidade. Como sugere David Carroll, é dessa<br />
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