Pedagogia dos monstros - Apresentação
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história em um enquadramento imposto por um final,<br />
elas descartam a possibilidade de um fechamento (narrativo<br />
ou social) que resolverá todas as tensões e ambigüidades.<br />
A cisão entre a fragilidade e os custos da<br />
ordem social explica por que o adultério é um motivo<br />
recorrente em ambas as vertentes: uma novela como<br />
Madame Bovary explora a questão da transgressão das<br />
relações contratuais bem como a questão da dor, seja<br />
da conformidade virtuosa seja do desejo delinqüente. 5<br />
Foram primariamente os filósofos românticos, em<br />
sua tentativa de identificar as capacidades e as competências<br />
necessárias para a autoformação, que adotaram<br />
a oposição categórica estabelecida no Bildungsroman<br />
— entre a autenticidade e a normalidade. Uma delas<br />
era a prática da reflexão estética, e foi neste contexto<br />
que a “literatura” e a “cultura” foram colocadas em<br />
ação como categorias pedagógicas imbuídas de autoridade.<br />
Em A educação estética do homem, por exemplo,<br />
publicado, tal como o Wilhelm Meister de Goethe,<br />
em 1795, Schiller reconceptualizava a distinção de<br />
Rousseau entre l’homme naturel e l’homme artificiel,<br />
não em termos de queda e redenção, porém mais sociologicamente,<br />
como uma divisão produzida no<br />
interior da substância ética do homem pela divisão do<br />
trabalho e pela diferenciação das esferas sociais. Mas,<br />
embora “tenha sido a própria civilização [Kultur] que<br />
inflingiu esta ferida ao homem moderno”, será, não<br />
obstante, apenas a cultura que poderá curar a divisão<br />
entre os impulsos sensuais e os impulsos racionais do<br />
homem. Para Schiller, é tarefa da cultura “fazer justiça,<br />
de forma igual, a ambos os impulsos: não apenas para<br />
manter o racional contra o sensual, mas também o<br />
sensual contra o racional”. Obras de arte e literatura<br />
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