Pedagogia dos monstros - Apresentação
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o autopoliciamento. A moderna e bem-ordenada constituição<br />
política depende menos da coerção do que<br />
deste autopoliciamento de cidadãos livres, podendo,<br />
assim, reivindicar a autoridade da virtude e da natureza<br />
(CONNOLLY, 1988, p. 57-8).<br />
JUVENTUDE, NATUREZA E VIRTUDE<br />
As preleções de Rousseau sobre a socialização da<br />
juventude e a formação de cidadãos não se limitaram<br />
a ter uma profunda influência sobre educadores<br />
como Pestalozzi, na Europa, e Horace Mann, nos<br />
Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong>. Elas também colocaram em movimento<br />
uma narrativa definitiva do que significa ser<br />
— e tornar-se — um ator social. Esta versão da educação<br />
sentimental iria ser amplamente desenvolvida,<br />
aperfeiçoada e questionada, posteriormente, em trabalhos<br />
de ficção e de filosofia.<br />
Emílio, publicado em 1762, pode, pois, ser visto<br />
como preparando o caminho, no romance europeu, para<br />
a tradição do Bildungsroman, com suas fábulas de formação<br />
moral de jovens homens (ou, com menos freqüência,<br />
de jovens mulheres) à medida que eles se<br />
mudam de uma restritiva sociedade provinciana para o<br />
contexto dinâmico — mas perturbador — da cidade.<br />
O texto fundador desta tradição, Os anos de aprendizado<br />
de Wilhelm Meister (1795-1806), tomam de Rousseau<br />
não apenas sua reconceptualizada categoria de juventude,<br />
mas também as imagens de “tempestade e pressão”,<br />
que corporificam sua visão da disjunção entre o<br />
crescimento das capacidades individuais e os desejos e<br />
códigos sociais de comportamento. O que Wilhelm<br />
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