Pedagogia dos monstros - Apresentação
Pedagogia dos monstros - Apresentação
Pedagogia dos monstros - Apresentação
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
aquela “insidiosa e generalizada força, capaz de se ocultar<br />
por detrás <strong>dos</strong> disfarces mais diversos” (p. 196). O<br />
significado dessas ficções pode ser decodificado de uma<br />
forma bastante confiável uma vez que se tenha encontrado<br />
o código certo. História? Aqui está Marx com a<br />
resposta. Repressão? Vamos de Freud. Embora eles<br />
cheguem a diferentes conclusões sobre a importância<br />
<strong>dos</strong> <strong>monstros</strong>, o que Moretti e Wood têm em comum é<br />
uma interpretação que depende de uma operação que<br />
consiste em sociologizar o Outro. Isto é evidente também,<br />
em alguma medida, na formulação que Fredric<br />
Jameson faz em seu ensaio “Narrativas mágicas”:<br />
O mal é caracterizado por qualquer coisa que seja<br />
radicalmente diferente de mim, qualquer coisa que,<br />
em virtude precisamente dessa diferença, pareça constituir<br />
uma ameaça real e urgente à minha própria<br />
existência. Assim, o estranho de outra tribo, o “bárbaro”<br />
que fala uma língua incompreensível e segue<br />
costumes “estranhos”, mas também a mulher, cuja<br />
diferença biológica estimula fantasias de castração e<br />
devoração ou, em nossa própria época, a vingança<br />
de ressentimentos acumula<strong>dos</strong> de alguma classe ou<br />
raça oprimida ou, então, aquele ser alienígena, judeu<br />
ou comunista, por detrás de cujas características<br />
aparentemente humanas espreita uma inteligência<br />
maligna e fantástica, são algumas das arquetípicas<br />
figuras do Outro, sobre as quais o argumento essencial<br />
a ser construído não é tanto que ele é temido<br />
porque é mau, mas, ao invés disso, de que é mau<br />
porque ele é Outro, alienígena, diferente, estranho,<br />
sujo e não-familiar (JAMESON, 1981, p. 115).<br />
Certamente Jameson — tal como Moretti e Wood<br />
— diz, aqui, algo importante. Imagens do monstruoso<br />
111