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Pedagogia dos monstros - Apresentação

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16<br />

concepção de sujeito da metafísica ocidental confundese<br />

com seu fonocentrismo. Por estarem “cola<strong>dos</strong>” ao<br />

seu emissor, os sons que produzimos por meio da linguagem<br />

oral parecem coincidir com a presença de seus<br />

correspondentes significa<strong>dos</strong> em alguma suposta interioridade<br />

subjetiva. Os “pensamentos” que temos parecem<br />

brotar dessa região de plena presença interior do<br />

significado, sem qualquer intermediação da linguagem.<br />

A linguagem em sua expressão oral aparentemente<br />

coincide com o próprio significado em sua plena e pura<br />

presença. Em contraste, a escrita, na medida em que<br />

pode ser separada de seu emissor, parece ser uma expressão<br />

derivada e secundária do significado. Na argumentação<br />

de Derrida, entretanto, a linguagem oral não<br />

detém, em termos da presença não-mediada do significado,<br />

qualquer privilégio relativamente à linguagem escrita.<br />

Em síntese, não existe qualquer interioridade,<br />

subjetividade ou consciência que aloje, independentemente<br />

da sua expressão como traço lingüístico material,<br />

a presença do significado. Com Derrida, a<br />

subjetividade dissolve-se na textualidade. O “sujeito”,<br />

se é que ele existe, não passa de simples inscrição: ele é<br />

pura exterioridade. Não há lugar, aqui, para qualquer<br />

“teoria do sujeito” ou “filosofia da consciência”.<br />

É com Deleuze e Guattari, entretanto, que o questionamento<br />

da “teoria do sujeito” se radicaliza. Em<br />

oposição a Foucault e Derrida, que questionam o “sujeito”<br />

da “filosofia da consciência” sem se arriscarem<br />

a propor nada em troca, Deleuze e Guattari desenvolvem<br />

toda uma pragmática da subjetividade na qual<br />

desaparecem quaisquer referências a “sujeitos” como<br />

entidades ou substâncias concebi<strong>dos</strong> como centros ou<br />

origens da ação humana. Para começar, o mundo é

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