Pedagogia dos monstros - Apresentação
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concepção de sujeito da metafísica ocidental confundese<br />
com seu fonocentrismo. Por estarem “cola<strong>dos</strong>” ao<br />
seu emissor, os sons que produzimos por meio da linguagem<br />
oral parecem coincidir com a presença de seus<br />
correspondentes significa<strong>dos</strong> em alguma suposta interioridade<br />
subjetiva. Os “pensamentos” que temos parecem<br />
brotar dessa região de plena presença interior do<br />
significado, sem qualquer intermediação da linguagem.<br />
A linguagem em sua expressão oral aparentemente<br />
coincide com o próprio significado em sua plena e pura<br />
presença. Em contraste, a escrita, na medida em que<br />
pode ser separada de seu emissor, parece ser uma expressão<br />
derivada e secundária do significado. Na argumentação<br />
de Derrida, entretanto, a linguagem oral não<br />
detém, em termos da presença não-mediada do significado,<br />
qualquer privilégio relativamente à linguagem escrita.<br />
Em síntese, não existe qualquer interioridade,<br />
subjetividade ou consciência que aloje, independentemente<br />
da sua expressão como traço lingüístico material,<br />
a presença do significado. Com Derrida, a<br />
subjetividade dissolve-se na textualidade. O “sujeito”,<br />
se é que ele existe, não passa de simples inscrição: ele é<br />
pura exterioridade. Não há lugar, aqui, para qualquer<br />
“teoria do sujeito” ou “filosofia da consciência”.<br />
É com Deleuze e Guattari, entretanto, que o questionamento<br />
da “teoria do sujeito” se radicaliza. Em<br />
oposição a Foucault e Derrida, que questionam o “sujeito”<br />
da “filosofia da consciência” sem se arriscarem<br />
a propor nada em troca, Deleuze e Guattari desenvolvem<br />
toda uma pragmática da subjetividade na qual<br />
desaparecem quaisquer referências a “sujeitos” como<br />
entidades ou substâncias concebi<strong>dos</strong> como centros ou<br />
origens da ação humana. Para começar, o mundo é