Pedagogia dos monstros - Apresentação
Pedagogia dos monstros - Apresentação
Pedagogia dos monstros - Apresentação
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Sua educação deveria ser guiada pelo fato de que “a<br />
mulher é feita para agradar e ser subjugada pelo homem”<br />
(ROUSSEAU, 1911, p. 322):<br />
Ser agradável à sua vista, ganhar seu respeito e amor,<br />
treiná-lo na infância, cuidar dele em sua vida masculina<br />
adulta, aconselhá-lo e consolá-lo, tornar sua vida<br />
agradável e feliz, estes são os deveres da mulher por<br />
toda a vida, e isto é que o lhe deve ser ensinado enquanto<br />
ela é jovem. (ROUSSEAU, 1911, p. 328)<br />
Embora Rousseau invoque, aqui, o fato bruto da<br />
natureza para justificar a exclusão das mulheres da participação<br />
pública, Wollstonecraft atribui a diferença sexual<br />
às danosas convenções da socialização. Se as<br />
mulheres se tornam pouco mais que “insignificantes<br />
objetos de desejo”, culpem, então, sua criação; se elas<br />
se tornam “libertinas em seu íntimo”, isso ocorre,<br />
então, como a “inevitável conseqüência de sua educação”.<br />
“Considerando a extensão de tempo no qual as<br />
mulheres têm sido dependentes”, pergunta Wollstonecraft,<br />
“é de surpreender que algumas delas abracem suas<br />
cadeias e sejam tão subservientes quanto cachorros?”.<br />
Para ela, foi o injustificado e injusto “direito divino<br />
<strong>dos</strong> mari<strong>dos</strong>” e não qualquer deficiência natural o que<br />
tornou as mulheres incapazes. As mulheres partilham<br />
com os homens a capacidade — dada por Deus — da<br />
razão, mesmo que ela tenha sido atrofiada por falta de<br />
uso. Se os atributos culturais — equivocadamente vistos<br />
por Rousseau como características inatas — fossem<br />
corrigi<strong>dos</strong>, as mulheres burguesas tornar-se-iam cidadãs<br />
tão virtuosas, eficazes e revolucionárias quanto<br />
qualquer homem (WOLLSTONECRAFT, 1982, p. 81-3). 6<br />
77